Procuradoria italiana apreende Open Arms e manda desembarcar todos os migrantes

Espanha tinha oferecido enviar um navio da sua Marinha para escoltar embarcação humanitária até ao porto de Palma, em Maiorca, numa viagem que demorará três dias.

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Alguns migrantes tentaram de novo lançar-se ao mar para chegar a Lampedusa Guglielmo Mangiapane/REUTERS

A Procuradoria de Agrigento emitiu uma ordem de apreensão do navio Open Arms, que há dias está a cerca de um quilómetro de distância da costa da ilha de Lampedusa, e ordenou que os cerca de 100 imigrantes a bordo desembarquem. 

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A Procuradoria de Agrigento emitiu uma ordem de apreensão do navio Open Arms, que há dias está a cerca de um quilómetro de distância da costa da ilha de Lampedusa, e ordenou que os cerca de 100 imigrantes a bordo desembarquem. 

Esta decisão aconteceu depois de o Governo de Madrid ter anunciado o envio de um navio da Marinha para levar para um porto espanhol -que deve ser na ilha de Maiorca, no Mediterrâneo - os ocupantes do navio, resgatados ao largo da Líbia e que há 18 dias se encontravam à vista da ilha italiana de Lampedusa, onde o ministro do Interior, Matteo Salvini, tem impedido que atraque.

Esta tarde, nove imigrantes a bordo do Open Arms atiraram-se ao mar, tentando alcançar a costa a nado - repetindo um episódio ocorrido já no fim-de-semana. Foram recolhidos pela guarda-costeira em motas de água e levados para a costa. 

O executivo de Pedro Sánchez disse ter ouvido várias recomendações da Marinha e decidido pela hipótese que permitirá “resolver a emergência ainda esta semana”, segundo um comunicado do Governo espanhol, citado pelo diário El País.

A embarcação saiu esta terça-feira de Cádiz, com mantimentos, pessoal médico e psicólogos. A situação a bordo do Open Arms está a deteriorar-se e alguns migrantes voltaram a atirar-se ao mar para tentar chegar a nado à ilha italiana, mas foram levados de volta por socorristas.

O Governo italiano tinha oferecido um navio para levar os cerca de cem migrantes a Espanha, mas com a condição de que Madrid retirasse a sua bandeira ao Open Arms, para que este não pudesse navegar mais ou pudesse mesmo ser considerado pirata (excepto se entretanto outro país lhe fornecesse o pavilhão). Chegou a pensar-se que havia um acordo, mas o Governo espanhol recusou retirar a bandeira ao navio, argumentando que esta acção está prevista apenas em casos de infracção muito grave.

O caso do Open Arms marcou a primeira vez em que um país recusou o desembarque de um navio com migrantes mesmo quando havia já um acordo de distribuição por outros países (que não incluía o país de destino).

Aconteceu em pleno processo de demissão do partido do ministro Interior do Governo – Matteo Salvini saiu da coligação com o Movimento 5 Estrelas com a ideia de obter novas eleições que poderiam dar uma maioria ao seu bloco de extrema-direita.