Governo de Hong Kong oferece “diálogo”, mas manifestantes recusam “armadilha”
Novos protestos marcados para os próximos dias em Hong Kong. Funcionário do consulado britânico detido em local desconhecido na China continental.
A governadora de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou uma plataforma de diálogo com os cidadãos, esperando que esta fosse “uma saída” para os protestos na região. Os manifestantes, no entanto, acusaram a governadora de não levar a sério as suas reivindicações e marcaram novos protestos.
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A governadora de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou uma plataforma de diálogo com os cidadãos, esperando que esta fosse “uma saída” para os protestos na região. Os manifestantes, no entanto, acusaram a governadora de não levar a sério as suas reivindicações e marcaram novos protestos.
“Vamos começar de imediato o trabalho numa plataforma para o diálogo”, anunciou Lam na segunda-feira. “Este diálogo será baseado, espero, em compreensão mútua e respeito, e encontraremos uma saída para Hong Kong.”
Jimmy Sham, da Frente dos Direitos Humanos, organização que organizou os protestos pacíficos de domingo, disse que a oferta era “uma armadilha” para os manifestantes, já que a governadora recusava as suas reivindicações.
“As promessas [de Lam] não têm tido resultados. Se diz que a lei [da extradição para a China, que levou às primeiras manifestações] está morta, por que não a retira oficialmente”, questionou Sham, citado pelo Guardian. “Se a sua oferta para comunicar é só um meio para atingir os seus objectivos, então é apenas uma armadilha. O povo de Hong Kong não é tão estúpido como ela pensa.”
Os protestos têm reivindicado o fim definitivo da lei, uma investigação independente à actuação da polícia nos protestos, a demissão de Lam, e que a próxima pessoa a ocupar o cargo seja eleita por sufrágio directo e universal e não escolhida após uma pré-selecção de um comité pró-Pequim.
Há mais protestos marcados para os próximos dias e o movimento diz que irá aumentar as suas iniciativas caso continue a não ser ouvido. Os protestos duram já há 11 semanas e Pequim tem aumentado o tom de ameaça, fazendo exercícios militares junto à fronteira, o que é visto como um modo de assustar os manifestantes.
Enquanto isso, a campanha de propaganda da China contra os manifestantes de Hong Kong levou o Twitter a suspender milhares de contas envolvidas em “operação de informação apoiada por um Estado” – de seguida o Facebook fez o mesmo mas numa escala muito menor, com a remoção de sete páginas, três grupos e cinco contas ligados a uma rede com origem na China e focada em Hong Kong. O Twitter divulgou o arquivo dos tweets apagados: muitos acusavam os manifestantes pela violência e outros diziam que estes eram apoiados por governos estrangeiros.
Funcionário detido
E soube-se entretanto que, na China continental, um funcionário do consulado britânico foi detido a 8 de Agosto quando tentava regressar a Hong Kong. Não há sinais imediatos de que a detenção tenha a ver com os protestos (embora Pequim venha a dizer que há intervenção estrangeira nos protestos).
Simon Cheng, 28 anos, tinha ido numa viagem de negócios à província de Shenzhen e quando tentou regressar a Hong Kong, de onde é natural, deixou repentinamente de responder às mensagens, disse a sua namorada, Li, ao Guardian. “Pronto para passar a fronteira… reza por mim”, foi a última mensagem que lhe enviou.
Já passaram mais de dez dias e nem Li nem a família de Simon Cheng conseguiram contactá-lo. As autoridades dizem apenas que está “numa localização desconhecida” e detido por “razões desconhecidas”.
Cheng trabalha no consulado britânico como responsável da secção de comércio do departamento de desenvolvimento internacional da Escócia.
De Londres, o Ministério dos Negócios Estrangeiros manifestou “muita preocupação” com a detenção.