Sobe para 18 o número de mulheres mortas num contexto de violência doméstica

Antes de pegar na arma, o homem teria sido chamado ao posto da GNR, onde a mulher teria apresentado queixa por violência doméstica.

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david clifford/arquivo

A Polícia Judiciária está a investigar em Famalicão o que se afigura mais um caso de violência doméstica que terminou em homicídio seguido de suicídio. Chamava-se Otília Castro a 18.ª mulher este ano a tornar-se notícia por ter sido morta por um homem com quem mantinha ou já tinha mantido uma relação de intimidade.

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A Polícia Judiciária está a investigar em Famalicão o que se afigura mais um caso de violência doméstica que terminou em homicídio seguido de suicídio. Chamava-se Otília Castro a 18.ª mulher este ano a tornar-se notícia por ter sido morta por um homem com quem mantinha ou já tinha mantido uma relação de intimidade.

O alerta soou por volta das 9h deste domingo, primeiro no posto territorial da GNR em Vila Nova de Famalicão, depois no Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU). Para o local precipitaram-se várias equipas de emergência, uma da Unidade Hospitalar de Famalicão e duas dos Bombeiros Voluntários Famalicenses.

Segundo o comandante dos Bombeiros Voluntários Famalicenses, Rui Costa, a mulher, de 56 anos, já estava morta. O homem, de 61, ainda tinha sinais vitais. Já dentro da ambulância, “entrou em paragem respiratória” e, apesar das imediatas manobras de socorro, acabou por morrer ali mesmo.

De acordo com fonte da Polícia Judiciária do Porto, José Carlos Ribeiro tinha filhos de uma relação anterior e Otília Castro também. Nem os dele nem os dela viviam na casa de tons claros que partilhavam, na rua Rua Sr. das Penices, em Gondifelos. Os dele teriam ficado na Venezuela, onde morou muitos anos, e os dela em França, para onde emigraram.

A violência já não seria segredo. O agressor já teria dito a alguns amigos que um dia ia “perder a cabeça” e matar a mulher. E a vítima já teria revelado a colegas de trabalho, na fábrica têxtil, que iria tentar fazer com que ele deixasse a casa. 

De acordo com a Polícia Judiciária, na sexta-feira, o homem foi chamado ao posto da GNR, onde a mulher já tinha formalizado uma denúncia por violência doméstica. Presume-se que na sequência desta diligência tenha havido uma escalada de violência. 

A escalada não era imprevisível. Os manuais de violência doméstica elencam disparadores de risco de homicídio, como a separação, a apresentação da denúncia, a notificação para prestar declarações. Havendo ameaças de morte e/ou posse de arma, recomenda-se que as autoridades tomem medidas para proteger a vítima e para conter o agressor.

site do Cidade Hoje Rádio/Jornal adianta que sábado o casal falhou um compromisso. E que durante toda a noite a casa onde viviam teve luzes ligadas. Tudo isso terá levado alguns vizinhos a suspeitar de que algo estaria a acontecer e a alertar um familiar. 

As autoridades encontraram o interior da habitação remexido. Ao que tudo indica, o homem pegou numa velha arma que tinha dentro de casa e disparou primeiro contra a mulher e depois contra si próprio. Ao que informou o comandante dos bombeiros, quer um quer outro tinham ferimentos de bala abaixo do maxilar.

Otília Castro será a 18.ª mulher a ser notícia este ano por ter sido morta por um homem com quem mantinha ou já tinha mantido uma relação de intimidade. A anterior foi Ester. Na ano passado, 32 homicídios ocorreram num quadro de violência doméstica. Os dados apurados pelo Observatório de Imprensa de Crimes de Homicídio em Portugal e de Portugueses Mortos no Estrangeiro (OCH) indicam que 20 eram mulheres.