Uma maratona de dez horas que não acabou com a greve

Sindicato dos motoristas de matérias perigosas não aceita ficar pela mesma proposta que já foi acordada com os outros dois sindicatos de motoristas e segue para o plenário de domingo para discutir os próximos passos com os seus trabalhadores.

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LUSA/TIAGO PETINGA

A reunião entre membros do Governo e os representantes do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) durou mais de dez horas, teve vários momentos tensos e alguma troca de correspondência. E terminou sem resultados práticos. No final, a greve manteve-se e vai ser este domingo, em plenário, que os motoristas de matérias perigosas vão decidir se uma semana de greve já dura, ou não, há “tempo demais”, como disse o Ministro das Infra-estruturas.

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A reunião entre membros do Governo e os representantes do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) durou mais de dez horas, teve vários momentos tensos e alguma troca de correspondência. E terminou sem resultados práticos. No final, a greve manteve-se e vai ser este domingo, em plenário, que os motoristas de matérias perigosas vão decidir se uma semana de greve já dura, ou não, há “tempo demais”, como disse o Ministro das Infra-estruturas.

A Antram esteve ausente da reunião e essa foi uma das razões que levou à irredutibilidade do sindicato. No final do encontro, o porta-voz do SNMMP, Pedro Pardal Henriques, disse que a Antram se recusou a negociar de viva voz e essa era uma das razões por que a greve se mantinha. Mas houve propostas e contrapropostas durante essa longa reunião, tendo no final ficado tudo na mesma. A Antram propôs ao SNMMP “as mesmas condições que foram negociadas e aceites pela Fectrans e pelo SIMM”. Pedro Pardal Henriques disse, por seu turno, que a Antram “não propõe mas sim impõe” e, sublinha, “isso não é negociar”. “Não aceitamos essa proposta, porque não podemos concordar com aquilo que não entendemos ser um bom acordo”, disse Pardal Henriques.

André Matias de Almeida, porta-voz da Antram, não esteve sentado à mesma mesa que os representantes do sindicato, mas no final da reunião entre o Governo e o SNMMP também deu as suas explicações. O SNMMP quer um subsídio de operações maior do que aquele que foi negociado com os outros dois sindicatos. A Fectrans e o SIMM aceitaram um subsídio de 125 euros que vai começar a ser pago em 2020 - era o que estava já no protocolo inicial de 17 de Maio. O SNMMP quer mais 40% por cima disso.

“Estamos a falar de um subsídio que até agora não existia, mas que vai começar a ser pago em 2020. Este sindicato quer acrescentar mais 40% para 2020. As empresas não dispõem dessa capacidade financeira”, explica André Matias de Almeida, argumentando que a proposta que as empresas apresentam ao SNMMP “não pode ser discriminatória em relação aos trabalhares de matérias perigosas da Fectrans e do SIMM”.

Na proposta que fez ao Sindicato das Matérias Perigosas, deixada por carta endereçada ao ministro das infra-estruturas a Antram termina a dizer que “quer acreditar que o SNMMP e os seus associados irão reconhecer o enorme esforço que a Antram e as suas representadas irão realizar ao longo dos próximos três anos para conseguirem honrar com aquilo a que se comprometem e que tal proposta representa o limiar máximo da sustentabilidade das empresas e, nessa medida, do emprego”.

O ministro das Infra-estruturas, Pedro Nuno Santos, avisou que apesar de a sua iniciativa de mediação não ter tido resultados, ainda não tinha desistido. “No plenário, espero que os motoristas, depois de sete dias de greve, possam optar pela via negocial. É muito raro serem decretadas em Portugal greves por tempo indeterminado. No domingo já são sete dias, acho que já é demais. Nós precisamos de nos entender pela via negocial”, insistiu o ministro.