BE defende que patrões negoceiem com sindicato dos motoristas sem pré-condições

Catarina Martins disse que antes da greve o país sabia pouco “sobre as condições das horas longas e baixos salários” dos motoristas de mercadorias.

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LUSA/SÉRGIO AZENHA

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defendeu nesta sexta-feira que a associação que representa as empresas transportadoras deve negociar sem pré-condições com o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) que mantém a greve.

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A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, defendeu nesta sexta-feira que a associação que representa as empresas transportadoras deve negociar sem pré-condições com o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) que mantém a greve.

“Na verdade a ANTRAM [Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias] tem tido uma posição de intransigência e autoritarismo que nos parece grave, não é com humilhação de trabalhadores que se conseguem avanços. O que se exige neste momento é que a ANTRAM se sente a negociar, sem pré-condições”, afirmou Catarina Martins.

“É mais do que tempo de o fazer”, observou.

Em declarações à margem de uma visita à praia da Leirosa, Figueira da Foz, com os problemas relacionados com a erosão costeira na agenda, a líder bloquista frisou que o país “precisa dessa serenidade e responsabilidade das negociações para andar para a frente na sua mobilidade, como nos direitos dos trabalhadores, que devem ser respeitados”.

Catarina Martins enfatizou que, “como toda a gente percebeu” na greve, o país sabia pouco “sobre as condições das horas longas e baixos salários” dos motoristas de mercadorias.

“A luta dos motoristas chamou a atenção do país para a forma como trabalham, com longas horas de trabalho e salários base muito baixos. Acho que o país acordou para um problema que é real e que deve ter resposta”, defendeu.

A coordenadora do BE voltou também a criticar o Governo, sustentando que a greve provou que “o autoritarismo ou a requisição civil não seriam a solução, mas sim a negociação”.

“E essa negociação exige menos intransigência de todas as partes e exige que o Governo tenha a capacidade de ser o mediador e não um porta-voz da ANTRAM”, reafirmou Catarina Martins.

O SNMMP admitiu nesta sexta-feira suspender a greve a partir do início de uma reunião “a ser convocada pelo Governo”, até domingo, data de um plenário dos trabalhadores.

“Porque queremos deixar claro ao país e às partes que sempre estivemos de boa-fé neste processo, anunciamos, desde já, a suspensão temporária da greve a partir da hora de início da reunião a ser convocada pelo Governo, suspensão essa que produzirá os seus efeitos até ao Plenário Nacional de Motoristas de Cargas Perigosas, marcado para o próximo domingo, momento em que os motoristas irão decidir pelo seu futuro”, indica o SNMMP em comunicado.

O sindicato explica que “considera que face à nomeação, hoje, de um Mediador da DGERT [Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho] para dar início às negociações com a ANTRAM, entendeu que estão criadas as condições necessárias para todas as partes se sentarem à mesa”.

Os motoristas têm estado em greve desde segunda-feira (12 de Agosto), uma paralisação que começou por ser convocada por dois sindicatos, o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e o Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), mas o SIMM desconvocou o protesto na quinta-feira à noite.

A decisão do SIMM surgiu perto das 23h, na sequência de uma reunião no Ministério das Infraestruturas, gabinete onde se encontravam também dirigentes da ANTRAM.

Esta decisão deixou o SNMMP sozinho no protesto, depois de esta estrutura sindical ter pedido na quinta-feira a mediação do Governo para chegar a um entendimento com a ANTRAM.

A greve fora convocada com o objectivo de reivindicar junto da ANTRAM o cumprimento do acordo assinado em Maio, que prevê uma progressão salarial.

Na segunda-feira, ao final do primeiro dia de greve, o Governo decretou uma requisição civil, parcial e gradual, alegando incumprimento dos serviços mínimos.