“Ainda temos crianças na rua. Há anos em que são mais as raparigas do que os rapazes em fuga”

As fugas de menores estão agora mais relacionadas com a Internet, diz Matilde Sirgado, coordenadora do Projecto Rua do Instituto de Apoio à Criança. Há 25 anos, a realidade era outra: “Dormiam nas grelhas do metro, casas abandonadas, carros velhos. Fingíamos todos que não víamos.”

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Daniel Rocha

Matilde Sirgado pertence à direcção do Instituto de Apoio à Criança e coordena o Projecto Rua, um programa com 25 anos que localiza e tenta acompanhar crianças para as tirar da rua. Crianças e jovens até aos 18 anos que “usam a rua como estratégia de sobrevivência”. Em 2000, quando foi atingido um pico, mais de 1800 crianças chegaram a ser acompanhadas pelo Projecto Rua. Desde então, a tendência tem sido sempre para diminuir, mas o problema não desapareceu. Apenas é menos visível e mais difícil de localizar. No ano passado, 80 crianças estavam a ser acompanhadas pelas quatro equipas (de seis pessoas cada) que integram o projecto. Licenciada e mestre em Política Social, Matilde Sirgado iniciou um doutoramento para estudar a forma como a Convenção da ONU para os Direitos das Crianças e outras grandes linhas de intervenção conseguem ser efectivas. O que constata é que isso permanece “muito aquém de estar garantido”. E diz: “Eu achava que, em pleno século XXIos direitos das crianças estariam mais protegidos, que o interesse superior das crianças estivesse mais efectivado na prática. E não vejo nada disso, mesmo no nosso país. Há muitas lacunas.”

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Matilde Sirgado pertence à direcção do Instituto de Apoio à Criança e coordena o Projecto Rua, um programa com 25 anos que localiza e tenta acompanhar crianças para as tirar da rua. Crianças e jovens até aos 18 anos que “usam a rua como estratégia de sobrevivência”. Em 2000, quando foi atingido um pico, mais de 1800 crianças chegaram a ser acompanhadas pelo Projecto Rua. Desde então, a tendência tem sido sempre para diminuir, mas o problema não desapareceu. Apenas é menos visível e mais difícil de localizar. No ano passado, 80 crianças estavam a ser acompanhadas pelas quatro equipas (de seis pessoas cada) que integram o projecto. Licenciada e mestre em Política Social, Matilde Sirgado iniciou um doutoramento para estudar a forma como a Convenção da ONU para os Direitos das Crianças e outras grandes linhas de intervenção conseguem ser efectivas. O que constata é que isso permanece “muito aquém de estar garantido”. E diz: “Eu achava que, em pleno século XXIos direitos das crianças estariam mais protegidos, que o interesse superior das crianças estivesse mais efectivado na prática. E não vejo nada disso, mesmo no nosso país. Há muitas lacunas.”