Governo faz novo esforço para chamar motoristas e patrões a negociar

Durante o dia houve conversas de bastidores com os intervenientes. Vieira da Silva apela à “responsabilidade” das partes para que se sentem à mesa e acabem com a greve.

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LUSA/RODRIGO ANTUNES

Depois de anunciada a requisição civil parcial na segunda-feira à noite, o Governo saiu para as televisões a defender a opção e depois, assim que começou o segundo dia de greve, recatou-se. Este segundo dia de greve foi passado pelo Governo a ver o desenrolar da paralisação e a avaliar os efeitos da requisição, ao mesmo tempo que, nos bastidores, continuava conversas com os intervenientes. À noite o ministro do Trabalho apelou às partes que se sentem à mesa e resolvam o conflito.

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Depois de anunciada a requisição civil parcial na segunda-feira à noite, o Governo saiu para as televisões a defender a opção e depois, assim que começou o segundo dia de greve, recatou-se. Este segundo dia de greve foi passado pelo Governo a ver o desenrolar da paralisação e a avaliar os efeitos da requisição, ao mesmo tempo que, nos bastidores, continuava conversas com os intervenientes. À noite o ministro do Trabalho apelou às partes que se sentem à mesa e resolvam o conflito.

“Chegou o momento de as partes - até teria sido melhor que tivesse sido mais cedo - assumirem a responsabilidade por encontrarem uma alternativa a este conflito. Não há alternativa sem ser a negociação”, disse aos microfones da SIC Notícias. E para o efectivar, sindicatos e patrões podem falar os dois, mas também recorrer à mediação do Governo. “O Governo fez uma oferta de mediação e não a retirou. Está presente, assim que as partes entenderem sentar-se à volta da mesa e trabalharem para procurar uma solução”.

A viragem de novo para o foco nas negociações por parte do Governo acontece depois de o segundo dia de greve ter sido mais tranquilo, com um “cumprimento generalizado dos serviços mínimos”, como disse o ministro Ambiente e Transição Energética, Matos Fernandes. E acontece também depois de os motoristas terem mantido a greve, apesar de ontem se ter notado algum desalento em alguns grevistas contra colegas que não aderiram à paralisação. 

A tarefa no Executivo foi sobretudo a de perceber se a requisição civil estava a ser suficiente para evitar riscos de ruptura, mas, noutra frente, houve a manutenção de conversas com ambos os lados do conflito. Em campo, nos bastidores e sem grande aparato, tem estado o ministro das Infra-estruturas e Habitação e Guilherme Dray, o homem a quem Pedro Nuno Santos recorreu na greve de Abril para o ajudar a gizar o acordo entre os sindicatos e patrões que está agora a ser contestado. 

Nas várias avaliações que foram sendo feitas ao longo do dia no acompanhamento da greve, o executivo entendeu que não havia argumentos para uma opção mais musculada, que seria a requisição civil geral, apesar de esta não deixar de estar em cima da mesa. António Costa referiu-a na segunda-feira depois da reunião com o Presidente da República e ontem, os patrões chegaram a pedi-la. Mas não foi essa a opção, foi a de deixar correr a greve, ajustando a mobilização das forças de segurança aos incumprimentos pontuais de serviços mínimos.

Quem também tem estado mais recatado nesta greve é o Presidente da República que esta terça-feira já estava no Algarve de férias. Falou por várias vezes na televisão, mas remeteu sempre para o comunicado que tinha emitido na sequência da reunião com António Costa, na segunda-feira. Os dois voltam a encontrar-se na sexta-feira, revelou Marcelo Rebelo de Sousa, que irá atestar o carro antes de voltar a Lisboa para esse encontro.

Foi nesse tom de relato da “experiência pessoal” que o Presidente da República passou a ideia que a situação estava mais tranquila do que no primeiro dia de paralisação, pelo que não se previa que houvesse uma nova escalada de pressão na resposta à greve. “Disseram-me que a situação no Algarve está melhor”, até porque no hotel onde está hospedado a greve ainda não teve efeito e alguns hóspedes até “têm conseguido abastecer”.