Maioria dos britânicos quer um “Brexit” mesmo sem acordo
Sondagem divulgada nesta terça-feira mostra que 54% dos inquiridos acham que Boris Johnson deve usar “todos os meios” ao seu dispor para retirar o Reino Unido da União Europeia. Deputados tentam proteger nos tribunais o Parlamento de uma possível suspensão.
Uma sondagem encomendada pelo Daily Telegraph e divulgada nesta segunda-feira mostra que 54% dos inquiridos concordam que o primeiro-ministro Boris Johnson deve usar “todos os meios” ao seu dispor para retirar o Reino Unido da União Europeia (UE) o mais rapidamente possível, mesmo que em causa esteja a suspensão do Parlamento, para impedir que os deputados bloqueiem o “Brexit”.
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Uma sondagem encomendada pelo Daily Telegraph e divulgada nesta segunda-feira mostra que 54% dos inquiridos concordam que o primeiro-ministro Boris Johnson deve usar “todos os meios” ao seu dispor para retirar o Reino Unido da União Europeia (UE) o mais rapidamente possível, mesmo que em causa esteja a suspensão do Parlamento, para impedir que os deputados bloqueiem o “Brexit”.
Mais cedo ou mais tarde, Johnson e o Parlamento entrarão num braço-de-ferro sobre o “Brexit” (a saída do Reino Unido da União Europeia), e a suspensão do órgão legislativo paira como uma sombra sobre a política britânica. Pelo menos 70 deputados apresentaram um pedido num tribunal escocês para impedir que o primeiro-ministro peça à rainha Isabel II a suspensão da Câmara dos Comuns. Segundo a sondagem, a maioria dos britânicos defende que o Governo deve, se precisar, suspender o Parlamento.
O primeiro-ministro britânico nunca afastou essa hipótese para ultrapassar o bloqueio parlamentar que fragilizou a sua antecessora, Theresa May. Além disso, prometeu que o Reino Unido abandonaria com ou sem acordo a UE até 31 de Outubro.
Desconfiando de Johnson, 70 deputados recorreram à mais alta instância judicial civil escocesa para evitar que Johnson peça à rainha que suspenda os trabalhos do Parlamento antes de o país abandonar o projecto europeu. O caso foi aceite pelo órgão judicial e terá a primeira audiência a 6 de Setembro, depois das férias judiciais.
“Se o tribunal concordar, Boris Johnson não será capaz de suspender a Câmara dos Comuns sem a concordância do Parlamento”, disse Ian Murray, um dos deputados signatários, à Reuters.
Os deputados vêem a suspensão do Parlamento como parte integrante de um plano para o cenário de saída da UE sem acordo, tão defendido por Johnson. Receiam que uma saída sem acordo crie perturbação nas fronteiras e enormes danos à economia britânica, mergulhando o Reino Unido em recessão.
Em Junho, o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, garantiu que o primeiro-ministro não pode pôr o Parlamento à margem — era “mais que óbvio”. “Simplesmente, não vai acontecer”, sublinhou peremptoriamente.
A palavra que o órgão legislativo terá a dizer estará no centro do braço-de-ferro. O Parlamento vai votar em Setembro uma moção de censura ao Governo de Johnson e tentar forçar um novo adiamento do “Brexit”, disse James Smith, economista no banco ING, à Reuters.
É também provável que com o bloqueio parlamentar se venham a realizar eleições antecipadas. “Uma eleição geral parece cada vez mais provável”, afirmou Smith, referindo que esse cenário teria obrigatoriamente de contar com uma prorrogação do artigo 50.º do Tratado de Lisboa, que estipula as condições de saída de um Estado-membro da organização internacional.
A mesma sondagem concluiu que o apoio ao Partido Conservador subiu 6%, para os 31%, desde que Johnson assumiu a liderança dos tories e as rédeas do número 10 da Downing Street. Já o Partido Trabalhista, liderado por Jeremy Corbyn, conta com um apoio na ordem dos 27%.