Kremlin garante que não há crise política na Rússia

Porta-voz do Governo russo garante que não há crise política só porque há manifestações de milhares de pessoas que terminaram com mais de dois mil detidos.

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Uma manifestante detida pela polícia durante um protesto TATYANA MAKEYEVA/Reuters

Mais de dois mil detidos depois, acusações de brutalidade policial e a multiplicação de protestos contra o Governo e as autoridades, o Kremlin referiu-se publicamente pela primeira vez, esta terça-feira, aos acontecimentos das últimas semanas para garantir que não há nenhuma crise política na Rússia.

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Mais de dois mil detidos depois, acusações de brutalidade policial e a multiplicação de protestos contra o Governo e as autoridades, o Kremlin referiu-se publicamente pela primeira vez, esta terça-feira, aos acontecimentos das últimas semanas para garantir que não há nenhuma crise política na Rússia.

“Não concordamos com o que muita gente diz de que existe uma crise política na Rússia”, afirmou esta terça-feira aos jornalistas Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin. “Em muitos países do mundo há protestos. São provocados por assuntos específicos” e “não se pode associar isso a qualquer crise”, acrescentou.

Manifestações de protesto contra a perspectiva de fraude eleitoral nas eleições locais, têm levado milhares de pessoas para a rua em Moscovo, o maior movimento de protesto que a Rússia já assistiu desde 2013.

Apesar de serem manifestações pacíficas, a polícia recorreu à força e deteve mais de duas mil pessoas. Vídeos da brutalidade policial contra os manifestantes desarmados circulam pela Internet, aumentando ainda mais a dimensão dos protestos.

Para Peskov, a forma de actuação da política foi justificada e que casos particulares de excesso de uso de força serão investigados. “Consideramos totalmente inaceitável o uso excessivo da força por parte da polícia, mas consideramos totalmente justificada a firmeza das forças de segurança para pôr fim à perturbação da ordem pública”, referiu.

A última e a mais importante das manifestações das últimas semanas para exigir eleições livres aconteceu no sábado, juntou cerca de 60 mil pessoas e terminou com mais de 250 pessoas detidas e condenadas a penas de até 30 dias de prisão. Entre eles, Alexei Navalni, o principal rosto da oposição a Vladimir Putin na Rússia.

Imagens de uma jovem a ser violentamente agredida no estômago por um polícia levantaram muitas críticas e obrigaram o Ministério do Interior a agir, instaurando um inquérito para investigar o incidente.

O movimento de protesto em Moscovo surgiu depois de cerca de 60 candidaturas independentes às eleições locais de 8 de Setembro terem sido recusadas pelas autoridades sem grande justificação, numa altura em que a crise económica tem provocado uma erosão na popularidade do Presidente Putin, que na passada sexta-feira completou 20 anos no poder.

Para Peskov, é muito simples, todos aqueles que pretendiam candidatar-se às eleições e não foram aceites “têm o direito de apelar à justiça” para que o seu caso seja revisto.