Uma entrada com o “pé direito”
Começou o futebol e com ele as emoções que vivemos em cada lance, em cada jogada, em cada intervenção e decisão do árbitro. Para esta nova época, temos as tais mais de 12 alterações às leis de jogo, algumas com real impacto na partida. Pelo que me tenho apercebido, nem todas essas alterações foram ainda bem compreendidas. Para este primeiro artigo da nova época, decidi analisar alguns desses lances, numa jornada em que, de maneira geral, a arbitragem entrou com o “pé direito”, ou seja, sem influência directa nos resultados e com decisões globalmente positivas - e aqui incluo a decisão final do binómio árbitro e videoárbitro (VAR).
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Começou o futebol e com ele as emoções que vivemos em cada lance, em cada jogada, em cada intervenção e decisão do árbitro. Para esta nova época, temos as tais mais de 12 alterações às leis de jogo, algumas com real impacto na partida. Pelo que me tenho apercebido, nem todas essas alterações foram ainda bem compreendidas. Para este primeiro artigo da nova época, decidi analisar alguns desses lances, numa jornada em que, de maneira geral, a arbitragem entrou com o “pé direito”, ou seja, sem influência directa nos resultados e com decisões globalmente positivas - e aqui incluo a decisão final do binómio árbitro e videoárbitro (VAR).
No jogo Marítimo-Sporting, destaco dois lances. Aos 69’, quando Mathieu, de forma deliberada, interceptou a bola com o braço esquerdo, o árbitro nada assinalou e a jogada prosseguiu. Os jogadores e o público protestaram, pois era importante a intervenção do VAR, sendo uma jogada que poderia ter ocorrido no interior da área e passível de penálti, mas as repetições foram claras: a infracção existiu, mas foi fora da área. Como tal, o protocolo não permite a intervenção do VAR, ou seja, eventuais livres directos não são lances que possam ser revertidos.
Desse mesmo jogo destaco uma bola que, ao bater no árbitro, alterou a posse de uma equipa para a outra. De acordo com as novas leis, o árbitro, nestas circunstâncias, tem de interromper o jogo e recomeçar com uma bola ao solo, no local onde bateu no árbitro. Essa bola ao solo é para a equipa que tocou em último lugar na bola, sendo que todos os adversários e colegas desse jogador têm de estar a quatro metros de distância. Sublinhe-se o facto de a bola poder ser reposta por qualquer jogador da equipa que a tocou em último lugar.
No Gil Vicente-FC Porto, destaco dois lances em que o árbitro inicialmente decidiu de forma incorrecta e a intervenção do VAR permitiu corrigir a decisão, repondo a tal verdade desportiva que se pretende com o uso desta ferramenta. Minuto 45, o árbitro assinala penálti por suposta carga ou agarrão de Alex Pinto sobre Sérgio Oliveira, mas na realidade o jogador gilista salta na vertical, há contacto mas não há empurrão, agarrão ou carga incorrecta.
Ao minuto 70, o árbitro nada assinala na área do Gil, pois deve ter ficado com a percepção de que a bola bateu na barriga de Rodrigo - é curioso que, na repetição de frente, que é o ângulo de visão do árbitro, fica essa mesma ideia, mas as outras câmaras mostraram que, ao projectar o corpo de forma deliberada, Rodrigo usou o braço direito como extensão do corpo e tocou na bola, desviando a sua trajectória. Um lance revertido pelo VAR e um penálti bem assinalado a favor do FC Porto.
Do Benfica-Paços de Ferreira, aos 30’, destaque para o penálti assinalado por mão de Bruno Santos, que, ao saltar à bola e com o braço bem acima da linha dos ombros, de forma deliberada, tentou ludibriar o árbitro, que sem ajuda directa do VAR, e porque estava muito bem colocado, assinalou de imediato a infracção. Destaco que nestes casos de mão/braço, sempre que estes estejam acima da linha dos ombros são uma referência para punição.
Ao minuto 37, golo anulado por fora-de-jogo a Tanque, que estava adiantado em relação ao penúltimo adversário no momento do passe. É de realçar que, tratando-se de uma jogada próxima da baliza, o assistente cumpriu as indicações, deixando prosseguir a jogada até ao fim e só depois levantando a bandeirola. Assim poderá, em caso de erro, vir a ser revertido o lance.
Aos 65’, a expulsão por acumulação de cartões de Bernardo Martins, que agarrou de forma deliberada e ostensiva Nuno Tavares, um comportamento antidesportivo passível de amarelo que não deu alternativa ao árbitro.
Como última nota, destaco o seguinte: muitas das medidas que foram tomadas, no sentido das alterações às leis de jogo, vão no sentido de haver menos perdas de tempo. Nesse sentido, parte da responsabilidade é dos clubes, que não devem usar a “queima de tempo” como estratégia, mas outra parte é dos árbitros, que devem privilegiar o contacto físico, deixar jogar, mas também punir os comportamentos dos jogadores que usam essas manobras. Há que mostrar os cartões amarelos que forem necessários, inclusivamente no princípio do jogo, e não advertir, nomeadamente os guarda-redes, só nos últimos minutos, como sucedeu no Boavista-Desp. Aves, quando Bracali foi advertido aos 90+4’.