Conservador Giammattei eleito Presidente da Guatemala
Candidato do Vamos derrotou antiga primeira-dama, Sandra Torres, numa eleição marcada por uma forte abstenção. Acordo migratório de Trump e luta contra a corrupção são principais desafios.
Alejandro Giammattei venceu a segunda ronda das eleições presidenciais na Guatemala, realizada no domingo, e sucederá a Jimmy Morales no mais alto cargo político daquele país da América Central. O candidato conservador do partido Vamos derrotou Sandra Torres, concorrente pela Unidade Nacional da Esperança (UNE), de centro-esquerda, numa votação marcada por uma participação reduzida.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Alejandro Giammattei venceu a segunda ronda das eleições presidenciais na Guatemala, realizada no domingo, e sucederá a Jimmy Morales no mais alto cargo político daquele país da América Central. O candidato conservador do partido Vamos derrotou Sandra Torres, concorrente pela Unidade Nacional da Esperança (UNE), de centro-esquerda, numa votação marcada por uma participação reduzida.
Segundo os dados disponibilizados pelo Tribunal Supremo Eleitoral, deslocaram-se às urnas apenas 42%,7 dos cerca de oito milhões de guatemaltecos inscritos para votar.
Giammattei conseguiu 57,95% dos votos, ao passo que Torres – antiga primeira-dama, que foi casada com o ex-Presidente Álvaro Colom – ficou-se pelos 42,05%.
Aos 63 anos – e depois de ter sido derrotado nas duas eleições anteriores –, Giammattei iniciará funções como Presidente no dia 14 de Janeiro. Guillermo Castillo será o vice-presidente.
“Não serei o primeiro mandatário da nação, mas o seu primeiro servidor. Não seremos os governantes perfeitos, mas seremos os governantes apropriados para transformar o país. Vamos reconstruir a Guatemala”, afiançou o vencedor da contenda, no seu discurso de vitória.
Alejandro Giammattei quer implementar um programa liberal para revitalizar e diversificar uma economia enormemente dependente do sector agrícola. Para além disso, promete melhorias no combate à corrupção e na luta contra o desemprego, a fome, a pobreza e a violência extremas – flagelos que estão na origem na fuga de milhares de pessoas, todos os anos, em direcção aos Estados Unidos.
Para tal, o antigo responsável pelo sistema prisional da Guatemala, sugere a reintrodução da pena de morte e o aumento significativo de soldados nas ruas das principais cidades.
Por outro lado, pretende rasgar o polémico acordo, assinado este ano por Jimmy Morales e Donald Trump, que define a Guatemala como “país terceiro seguro” e o transforma numa zona-tampão. O acordo implica que os migrantes oriundos dos países localizados a sul do território guatemalteco – como as Honduras, El Salvador, Nicarágua ou Costa Rica –, que passem pela Guatemala na sua viagem para os EUA, tenham de requerer ali asilo.
“[O acordo] não é justo para o nosso país. Se não temos sequer capacidade para proteger a nossa própria população, imaginem como será com estrangeiros”, desabafou Giammattei durante a campanha, citado pela Reuters.
Recuperar a confiança do eleitorado será, no entanto, a primeira grande missão do novo Presidente. Segundo Luis Linares, analista do think-tank Associação de Investigação e Estudos Sociais, a elevada abstenção deve-se às mensagens políticas pouco atractivas dos candidatos e a elevada corrupção é grande preocupação dos guatemaltecos.
“Nenhum dos candidatos satisfez as aspirações dos eleitores. Sandra Torres era a representante da velha política e Giammattei é apenas uma pessoa obcecada pelo poder – terá de ter em conta que a população não tem nenhuma confiança na classe política, antes de começar a governar”, diz Linares ao jornal espanhol El País.
“Giammattei terá de se comprometer seriamente com a grande preocupação do cidadão comum da rua: a luta a corrupção. Se não o fizer, a confiança nos políticos manter-se-á em níveis mínimos”, vaticina o analista.