Cerca de 200 pessoas em concentração de apoio à permanência de padre em Caminha
Uma multidão, aplausos e cartazes a dizer “fica” numa manifestação de apoio ao padre Ricardo Esteves.
Cerca de 200 pessoas participaram hoje numa concentração de apoio à permanência do pároco de Seixas, Lanhelas e Vilar de Mouros, em Caminha, a quem a diocese de Viana do Castelo terá comunicado a mudança, em Setembro, para Valença.
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Cerca de 200 pessoas participaram hoje numa concentração de apoio à permanência do pároco de Seixas, Lanhelas e Vilar de Mouros, em Caminha, a quem a diocese de Viana do Castelo terá comunicado a mudança, em Setembro, para Valença.
A iniciativa começou junto à igreja paroquial de Vilar de Mouros, passou por Lanhelas, e terminou em Seixas, onde o sacerdote celebrou missa perante uma igreja “cheia” de fiéis.
A iniciativa de apoio à permanência do padre de 36 anos partiu de um grupo de jovens da freguesia de Seixas, uma das mais populosas do concelho de Caminha.
Segundo um dos elementos daquele grupo, à chegada ao templo de Seixas, o padre foi saudado com aplausos, cartazes, onde se lia “Fica”, a mesma palavra gritada, repetidamente, pelos populares que participaram na acção.
Na sexta-feira, os jovens lançaram uma petição online para enviar ao bispo da diocese de Viana do Castelo, já assinada por cerca de 772 pessoas, e criaram uma página nas redes sociais, intitulada “Fica Padre Ricardo Esteves”, onde apelam à mobilização dos paroquianos em torno da permanência do pároco.
As freguesias de Seixas, Lanhelas e Vilar de Mouros têm cerca de 3.246 habitantes.
“O padre Ricardo Esteves está perfeitamente integrado nas paróquias e durante os últimos dez anos em que esteve à frente das mesmas conseguiu agregar e chamar muitos cristãos que, embora o sendo, estavam afastados da igreja. Não nos conformamos com esta decisão e lutaremos até ao fim para que a mesma seja revogada”, lê-se na petição que será enviada ao bispo Anacleto Oliveira.
Contactada pela agência Lusa, fonte do secretariado diocesano de Viana do Castelo informou que o bispo Anacleto Oliveira “não faz qualquer comentário sobre o assunto”.
A Lusa tentou ouvir o padre Ricardo Esteves, mas sem sucesso.
As nomeações sacerdotais são habitualmente realizadas antes do início do novo ano pastoral, em Setembro.
No texto que acompanha a recolha de assinaturas pela permanência do padre Ricardo Esteves, os paroquianos dizem “não se conformarem” com a sua substituição e apelam ao bispo “que repense e volte atrás na decisão de o transferir para outra paróquia”.
“Queremos que ele permaneça à frente das obras sociais e projectos que tem vindo a desenvolver junto da comunidade, e que são muitos, sendo os mesmos transversais a todas as idades, com especial destaque para os jovens”, reforça o documento.
Alertam o bispo da Diocese de Viana do Castelo para os efeitos da saída do padre: “Com a sua decisão de o retirar para outra paróquia corremos o risco de vermos afastados muitos fiéis, principalmente jovens que vêem no padre Ricardo um exemplo de bondade e solidariedade para com os outros”.
“Queremos que continue a traçar connosco este caminho de fé que ao longo de 10 anos construímos juntos”, reforça o texto da petição.
Na página criada no Facebook, os paroquianos apelam a uma “grande” participação na concentração que tem início marcado para as 9h junto à igreja paroquial de Vilar de Mouros.
Os participantes chegarão cerca das 10h à freguesia de Lanhelas, sendo que a acção terminará em Seixas pelas 11:00, com “uma concentração com todas as freguesias no Largo de São Bento”.
“Está na hora de todos nos unirmos e mostrarmos que juntos podemos e somos fortes. Não se esqueçam que a união faz a força. Vamos todos gritar bem alto para que o Senhor bispo ouça, em Viana do Castelo, que o padre Ricardo fica porque é essa a nossa vontade”, sublinha o apelo do grupo de jovens de Seixas.
Além das três freguesias de Caminha, em Viana do Castelo, a população de Santa Leocádia de Geraz do Lima, “opõe-se completamente” à nomeação do novo pároco indicado há três meses pela diocese.
Na terça-feira, no final de uma reunião que juntou, “cerca de 400 habitantes”, o porta-voz dos paroquianos, Agostinho Lima disse à Lusa ter sido aprovada “uma carta aberta a enviar a todos os órgãos eclesiásticos quer em Portugal, quer em Roma”.
“No documento, a população opõe-se completamente à nomeação do padre Adão Lima. Se a diocese [de Viana do Castelo] insistir e indicar uma data para a tomada de posse do novo padre, a população não irá comparecer, nem quer ser informada dessa tomada de posse”, afirmou Agostinho Lima.
O porta-voz declarou que “se a diocese não recuar, a freguesia prefere continuar sem padre”.
O impasse na paróquia de Santa Leocádia de Geraz do Lima, com cerca de dois mil habitantes e 1.150 eleitores, situada a cerca de 20 quilómetros da cidade de Viana do Castelo, arrasta-se há três meses na sequência da morte do pároco anterior, João Cunha, e da nomeação, pela diocese, do sucessor, padre Adão Lima.
“Qualquer outro padre será bem recebido, menos o que foi nomeado pela diocese”, sustentou na ocasião o porta-voz dos paroquianos.