Em Moscovo, 50 mil saíram à rua para exigir eleições livres
Liubov Sobol, uma das mais conhecidas aliadas de Navalni, foi uma das 146 pessoas detidas em Moscovo, 245 em todo o país.
Perto de 50 mil pessoas participaram numa manifestação em Moscovo, exigindo o direito da oposição participar nas eleições para a assembleia municipal da capital. Horas antes do protesto, a polícia deteve Liubov Sobol, a aliada de Alexei Navalni que se tornou no principal rosto do seu canal no YouTube e que era uma das cerca de seis dezenas de candidatos da oposição impedidos de concorrer.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Perto de 50 mil pessoas participaram numa manifestação em Moscovo, exigindo o direito da oposição participar nas eleições para a assembleia municipal da capital. Horas antes do protesto, a polícia deteve Liubov Sobol, a aliada de Alexei Navalni que se tornou no principal rosto do seu canal no YouTube e que era uma das cerca de seis dezenas de candidatos da oposição impedidos de concorrer.
Segundo a Reuters, pelo menos 146 manifestantes foram detidos em Moscovo, e 245 em todo o país, mas o número deve subir. Os protestos que já duram há quatro sábados têm-se saldado por um número elevadíssimo de detenções, que ultrapassa as mil. Não há uma vaga sustentada de protestos nesta escala desde 2011-2013 (estes contra a passagem, em 2012, do então primeiro-ministro, Vladimir Putin, de novo a Presidente).
Os manifestantes juntaram-se no exterior do edifício da administração presidencial, no centro de Moscovo, muitos deles jovens, e segundo o jornal Moscow Times gritavam “Putin é um ladrão”.
O número de pessoas que saíram à rua este sábado é avançado pela organização não governamental Contador Branco, diz a Reuters. Os protestos são motivados pela rejeição das listas da oposição, com o argumento de que não teriam recolhido assinaturas suficientes para poderem apresentar-se.
Segundo uma sondagem do Centro Levada na terça-feira, 37% dos moscovitas vêem de forma positiva estes protestos. Só 27% têm uma opinião negativa, diz a Reuters.
Navalni, a principal figura da oposição a Putin, convocou os protestos, mas foi detido e condenado a um mês de prisão pouco antes do primeiro se realizar. Entretanto, na prisão, sofreu um choque anafilático – ou o que os seus advogados dizem ter sido uma tentativa para o envenenar.
Liubov Sobol, uma jurista de 31 anos, tornou-se a figura mais mediática do movimento de Navalni. Está a fazer greve de fome e é o rosto mais conhecido no canal de YouTube dele, onde aparece frequentemente para revelar as suas investigações. Os manifestantes gritam o seu nome, Liubov – que significa “amor” – como uma palavra de ordem, relata o Le Monde.
Mas nos protestos de Moscovo discursaram vários jornalistas, rappers – pessoas que apelam a uma geração mais jovem, alguns que conheceram sempre uma Rússia com Vladimir Putin no poder. Muitas pessoas dessa geração, como em outros países, querem mudança, sentem falta de perspectivas de progresso económico e de vida – vêem todas as portas fecharem-se, a não ser que entrem na linha pré-estabelecida pelo regime, relata a reportagem do diário francês.
Alguns revoltam-se. Até agora, Putin sempre conseguiu controlar estes assomos de insatisfação e revolta. “Nestes últimos dias, vi jovens com sangue na cara nas esquadras que sorriam. O que mudou é que já não temos medo”, disse ao Le Monde Liubov Sobol.