Queda na indústria alemã sinaliza risco de recessão
Produção industrial diminuiu 1,5% em Junho, surpreendendo pela negativa e mostrando que a maior economia da zona euro está com dificuldade em concretizar uma recuperação.
A produção na indústria alemã registou em Junho uma descida mais forte do que o previsto, prolongando a tendência negativa no sector e tornando mais provável o cenário de entrada do país numa recessão a partir do segundo trimestre deste ano.
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A produção na indústria alemã registou em Junho uma descida mais forte do que o previsto, prolongando a tendência negativa no sector e tornando mais provável o cenário de entrada do país numa recessão a partir do segundo trimestre deste ano.
De acordo com os dados publicados esta quarta-feira pela autoridade estatística alemã, a produção industrial caiu 1,5% durante o mês de Junho, face ao mês anterior, com um desempenho particularmente negativo ao nível dos bens intermédios e de capital. O resultado ficou bem abaixo daquilo que era a expectativa dos analistas. Os economistas inquiridos pela Reuters apontavam para uma descida do indicador de 0,4%. Face ao período homólogo (Junho de 2018) a queda foi de 5,2%, a maior diminuição registada desde 2009.
Esta surpresa negativa não só aponta para a manutenção de uma tendência de contracção no sector industrial da maior economia da zona euro, como está a ser visto pela generalidade dos economistas como um sinal de que a economia pode ter entrado - no segundo trimestre, prolongando-se pelo terceiro - numa recessão técnica, definida como dois trimestres consecutivos de variação negativa do Produto Interno Bruto (PIB).
“Estes dados confirmam a nossa expectativa de que o PIB real na Alemanha possa ter diminuído ligeiramente no segundo trimestre”, afirmou um economista do Commerzbank à agência Reuters após a divulgação dos números da produção industrial, que no total do trimestre registou uma diminuição de 1,8%. Outro analista, do DekaBank, disse ver o resultado como “um prelúdio para uma recessão técnica”.
Depois de na segunda metade de 2018 ter escapado por pouco a uma recessão técnica e de no primeiro trimestre ter registado um crescimento de 0,4%, a economia alemã deverá agora, de acordo com a grande maioria das estimativas, ter registado uma contracção ligeira no segundo trimestre do ano. Os dados oficiais da variação do PIB serão dados a conhecer na próxima semana.
Existe ainda a expectativa de que, no terceiro trimestre, com o efeito da guerra comercial a sentir-se de forma mais acentuada, a economia alemã possa prolongar a variação negativa, o que resultaria na confirmação de uma recessão técnica.
Na terça-feira, uma melhoria do indicador de encomendas na indústria tinha melhorado um pouco as perspectivas relativamente ao sector. No entanto, o próprio ministro alemão da Economia, Peter Altmaier, assinalou que a indústria alemã ainda não tinha chegado a uma viragem do ciclo negativo que tem vindo a atravessar. Neste momento, o governo alemão antecipa um crescimento económico no total de 2019 de apenas 0,5%.