Ryanair encerra base de Faro e despede cem trabalhadores
Trabalhadores da companhia estarão em greve de 21 a 25 de Agosto.
A Ryanair comunicou nesta terça-feira, em Faro, que vai encerrar a sua base no aeroporto algarvio em Janeiro de 2020 e despedir cerca de cem trabalhadores, embora mantendo os voos, revelou nesta terça-feira à Lusa a presidente do sindicato dos tripulantes.
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A Ryanair comunicou nesta terça-feira, em Faro, que vai encerrar a sua base no aeroporto algarvio em Janeiro de 2020 e despedir cerca de cem trabalhadores, embora mantendo os voos, revelou nesta terça-feira à Lusa a presidente do sindicato dos tripulantes.
A presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Luciana Passo, disse que uma directora de recursos humanos da Ryanair esteve em Faro para anunciar o encerramento.
A sindicalista participou nesta terça-feira numa reunião na Direcção-Geral do Emprego e das Relações do Trabalho (DGERT), em Lisboa, para discutir os serviços mínimos para a greve que irá decorrer na Ryanair de 21 a 25 de Agosto.
“Foi-nos dito na DGERT que não seria bem encerrar [a operação], ou seja, a base fecha, mas os voos continuam a ser feitos”, salientou Luciana Passo, lembrando que a Ryanair tinha já “avisado que ia reduzir o número de pilotos e tripulantes”.
A presidente do SNPVAC alertou que este anúncio “vem num timing que parece de tentativa de coacção para que as pessoas tenham medo de fazer greve”.
Luciana Passo garantiu que “a decisão estava tomada há muito tempo, não foi por causa de greve”, e revelou ainda que, a partir de quarta-feira, a companhia aérea deverá anunciar o encerramento de mais bases na Europa.
A dirigente referiu ainda que, para já, não estão em causa mais empregos em Portugal, onde a Ryanair conta com mais três bases, no Porto, em Lisboa e nos Açores.
Contactada pela Lusa, a Ryanair recordou o comunicado de 16 de Julho, em que indicava que “algumas das bases da empresa serão reduzidas ou fechadas neste inverno”.
Estas conversações, de acordo com a Ryanair, estão a realizar-se nas bases afectadas e não irão implicar corte ou redução de rotas.
A presidente do SNPVAC defendeu que “importa agora saber quais os contratos que a Ryanair fez com o Governo, que benefícios teve e se valeu a pena”, e lamentou que a greve possa ser usada para justificar este encerramento.
“Há sempre um bode expiatório, que são os tripulantes”, criticou.
No dia 1 de Agosto, a Ryanair admitiu que poderá despedir até 500 pilotos e 400 tripulantes de cabine, devido ao impacto do “Brexit” (saída do Reino Unido da União Europeia), ao aumento do preço dos combustíveis e ao atraso na entrega dos aviões Boeing 737 Max.
A companhia de aviação avançou detalhes em relação a este assunto, depois de o seu presidente executivo, Michael O'Leary, ter exposto os planos de reestruturação num vídeo enviado aos trabalhadores, em que pede “desculpa” pelas “más notícias”.
Na segunda-feira, Michael O’Leary informou que o lucro da transportadora aérea caiu 21% no primeiro semestre do exercício fiscal, para 243 milhões de euros, face a idêntico período do ano fiscal anterior.
O SNPVAC garante que está aberto a negociações, mas vai avançar com a greve nos moldes em que está prevista, tendo em conta os resultados das conversações de hoje.
O pré-aviso entregue na semana passada contempla uma paralisação entre dos dias 21 e 25 de Agosto. Os serviços mínimos desta nova greve deveriam ter sido definidos na reunião desta terça-feira, mas não houve acordo.
Entre as “ilegalidades” apontadas pelo SNPVAC está a falta de pagamento dos subsídios de férias e de Natal, a não-atribuição de 22 dias úteis de férias por ano, o não-cumprimento integral da lei da parentalidade portuguesa ou a não-integração do quadro de efectivos de todos os tripulantes de cabine com mais de dois anos de serviço sem perda de retribuição ou antiguidade.
“Já tínhamos dito no pré-aviso que não aceitávamos qualquer tipo de voo com serviços mínimos, porque há muitas alternativas para os países onde a Ryanair opera e não há necessidade. A lista que a Ryanair apresentou era praticamente toda a operação. Não chegámos a nenhum entendimento e será o Ministério [do Trabalho] a decidir unilateralmente”, adiantou a dirigente.