McDonald’s substituiu as palhinhas de plástico, mas a nova alternativa de papel não é reciclável
As novas palhinhas distribuídas nos restaurantes do Reino Unido e da Irlanda são compostas por materiais completamente recicláveis, mas são demasiado espessas, o que faz com que seja mais difícil que sejam processadas durante a reciclagem.
Numa tentativa de ser mais ecológica, a cadeia de fast food norte-americana McDonald’s decidiu substituir as palhinhas de plástico por uma alternativa em papel em todos os seus 1361 restaurantes no Reino Unido e Irlanda. No entanto, a nova alternativa feita de papel e descrita como “amiga do ambiente” não é “facilmente reciclável”.
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Numa tentativa de ser mais ecológica, a cadeia de fast food norte-americana McDonald’s decidiu substituir as palhinhas de plástico por uma alternativa em papel em todos os seus 1361 restaurantes no Reino Unido e Irlanda. No entanto, a nova alternativa feita de papel e descrita como “amiga do ambiente” não é “facilmente reciclável”.
A medida em questão surgiu depois de clientes e ambientalistas — nomeadamente a organização não-governamental SumOfU — terem pressionado a empresa para que implementasse uma solução mais ecológica em relação ao uso de plásticos descartáveis. O processo começou a ser implementado em Setembro de 2018 e ficou concluído este ano, isto apenas no Reino Unido e na Irlanda.
A empresa sediada em Chicago que conta com mais de 36 mil restaurantes em todo o mundo anunciou, em 2018, que ia testar alternativas ao plástico em restaurantes seleccionados nos Estados Unidos, França, Suécia e Noruega. Noutros países, como a Malásia, seria implementada uma outra solução: as palhinhas só seriam distribuídas caso o cliente o solicite.
Agora, depois de todo o processo logístico de transição para as palhinhas de papel estar concluído, a BBC avança que as novas palhinhas, apesar de serem compostas por materiais complemente recicláveis, são demasiado espessas, o que faz com que sejam mais difíceis de processar durante a reciclagem.
Numa primeira fase, estas palhinhas eram feitas de um material mais fino e passível de ser reciclado com mais facilidade. No entanto, depois de várias queixas de consumidores que afirmavam que as novas palhinhas eram demasiado frágeis e se dissolviam na bebida, fazendo com que fosse particularmente difícil beber milkshakes, a empresa de fast food pediu ao produtor das palhinhas (uma empresa com sede no País de Gales) para as tornar mais resistentes. Foi aí que surgiu o problema.
“Como resultado do feedback dos nossos clientes, decidimos fortalecer as nossas palhinhas de papel. Embora os materiais sejam recicláveis, a sua espessura actual torna mais difícil que estes sejam processados pelos nossos fornecedores que também nos ajudam a reciclar os copos de papel”, referiu um porta-voz do McDonald's citado pela BBC.
A empresa afirma estar a trabalhar numa solução para o problema e acrescenta que, por enquanto, a rejeição das palhinhas de papel para o lixo geral é temporário. "Os desperdícios dos nossos restaurantes não vão para aterros sanitários, são usados para gerar energia”, referiu ainda o porta-voz.
Entretanto, várias petições que pedem o regresso das palhinhas de plástico do McDonald's já foram assinadas por milhares de cidadãos britânicos e irlandeses, sendo que uma delas, alojada no site 38degrees já chegou às 51 mil assinaturas.
Nos estabelecimentos da cadeia de fast food na Irlanda e no Reino Unido são usadas cerca de 1,8 milhões de palhinhas de plástico por dia. A maioria das palhinhas usadas nas bebidas é feita de plásticos como o polipropileno e o poliestireno. Caso não sejam reciclados, estes materiais demoram centenas de anos a decompor-se — e muitos acabam nas praias e nos oceanos.
Em Dezembro de 2018, a Grã-Bretanha lançou uma consulta pública sobre a intenção de duplicar a taxa sobre os sacos de plástico de uso único a partir de 2020. O país pretendia estender esta medida a todas as lojas para se reduzir o lixo plástico. Desde Outubro de 2015, os grandes retalhistas em Inglaterra (aqueles que têm pelo menos 250 empregados) foram obrigados a aplicar uma taxa de cinco pences (seis cêntimos) por cada saco plástico, uma medida que o Governo disse ter tirado de circulação 15 mil milhões de sacos.