Câmara do Porto acaba com o festival Noites Ritual

Festival com 25 anos chega ao fim. Número crescente de eventos do género e renovado Pavilhão Rosa Mota, concessionado a um privado, motivaram decisão camarária.

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Paulo Pimenta

Era o festival de Verão que encerrava os festivais de Verão e já havia cumprido 25 anos. Mas depois de 12 meses de interregno, motivado pelas obras no Pavilhão Rosa Mota, a Câmara do Porto decidiu, desta vez definitivamente, “não continuar a realizar" o Noites Ritual, cujo planeamento e financiamento (em 2017 foram 54 mil euros) ficava a cargo da autarquia, através da empresa municipal Ágora.

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Era o festival de Verão que encerrava os festivais de Verão e já havia cumprido 25 anos. Mas depois de 12 meses de interregno, motivado pelas obras no Pavilhão Rosa Mota, a Câmara do Porto decidiu, desta vez definitivamente, “não continuar a realizar" o Noites Ritual, cujo planeamento e financiamento (em 2017 foram 54 mil euros) ficava a cargo da autarquia, através da empresa municipal Ágora.

Foi um “conjunto de circunstâncias” que levou o executivo de Rui Moreira a tomar esta decisão. A primeira, explicou o gabinete de comunicação da câmara ao PÚBLICO, tem a ver com a oferta. Se quando o festival apareceu, em 1992, o número de eventos do género no país era reduzido, a realidade é hoje outra.

“O paradigma alterou radicalmente e, só neste ano, contam-se mais de 340 festivais de música a decorrerem em Portugal e só durante o período de Verão (Junho a Setembro)”, argumenta a mesma fonte, falando em “dispersão de público e de artistas” que fizeram com que “o festival perdesse, compreensivelmente, algum do seu público nestes últimos anos.”

Mas a geografia é também chamada à história. É que o festival Noites Ritual realizava-se no Palácio de Cristal e após as obras no pavilhão e a reabertura do agora chamado Super Bock Arena Pavilhão Rosa Mota, programada para Outubro, isso seria impossível: “Era inevitável que o local de sempre das Noites Ritual teria de ser abandonado, pela impossibilidade de ali conciliar um festival de música aberto ao público com o normal funcionamento do ‘novo’ Multiusos.”

A decisão, acrescenta a autarquia, foi tomada depois de terem estado em cima da mesa outras hipóteses, quanto ao formato e data do evento. “Houve igualmente interesse de um promotor privado em continuar a organizar o festival. Contudo, tal hipótese foi rejeitada, já que a proposta passava por abrir o festival a bandas não portuguesas. Neste caso, entendemos que isso iria contra a génese do festival.”

O final do histórico festival de Verão deixa um “legado”, diz a autarquia, sublinhando que, apesar desta perda, o “Porto tem hoje cada vez mais eventos musicais e que abrangem praticamente todos os seus géneros”.