Aqueduto de Évora vai ser reabilitado para permitir rega de espaços verdes

A reabilitação vai permitir que o aqueduto possa voltar a recolher e a transportar água para a cidade para rega e outros usos, fazendo com que “a água da rede pública não tenha que ser utilizada”.

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miguel Manso

O Aqueduto da Água da Prata, em Évora, que há 480 anos começou a levar água à Praça do Giraldo, no centro da cidade alentejana, vai ser reabilitado para permitir a rega de espaços verdes.

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O Aqueduto da Água da Prata, em Évora, que há 480 anos começou a levar água à Praça do Giraldo, no centro da cidade alentejana, vai ser reabilitado para permitir a rega de espaços verdes.

“Queremos que o aqueduto volte a ter a função de trazer água para a cidade, mas, agora, para outros usos, nomeadamente para a rega de espaços verdes”, afirmou à agência Lusa o presidente do município, Carlos Pinto de Sá.

O projecto, cuja abertura do concurso público para a sua execução já foi aprovada em reunião pública de câmara, envolve um investimento na ordem dos 800 mil euros, com apoio de fundos comunitários.

O Aqueduto da Água da Prata (1533-1537), cuja construção foi impulsionada por D. João III, é uma obra de engenharia da autoria de Francisco de Arruda e é hoje um dos símbolos patrimoniais de Évora.

A infra-estrutura, como escreveu o historiador Túlio Espanca no livro Encontro com a Cidade, prolonga-se por cerca de 18 quilómetros “através de canalizações e arcaria de granito no estilo da Renascença”.

O aqueduto serviu, até aos anos 30 do século XX, para transportar água de nascentes existentes na zona de Graça do Divor até à cidade, nomeadamente às fontes, chafarizes e alguns conventos e casas de elevada importância social à época.

O presidente da câmara adiantou à Lusa que a reabilitação vai permitir que o aqueduto possa “voltar a recolher e a transportar água para a cidade” para rega e outros usos, fazendo com que “a água da rede pública não tenha que ser utilizada”.

Além de representar uma poupança financeira à autarquia, assinalou, a medida também vai “contribuir para a melhoria das questões ambientais” e ajudar a fazer face “à previsível escassez de água nas próximas décadas”.

Segundo o município, o projecto pretende “dar uso à água proveniente do Aqueduto da Água da Prata”, nomeadamente para a rega dos espaços verdes, não estando prevista a sua utilização para o consumo humano.

A medida, realçou a câmara, vai permitir “reduzir os gastos municipais com o consumo de água da rede pública para rega dos espaços verdes e diminuir a dependência que a rega de espaços verdes tem na rede pública de água tratada”.

“A implementação deste sistema permitirá uma redução da quantidade de água tratada usada para rega na ordem dos 140 mil metros cúbico por ano”, acrescentou a autarquia.

Os trabalhos incluem a reparação de nascentes e condutas do aqueduto, reequipamento das estações de bombagem nos poços da Graça do Divor e a construção de um reservatório e da rede de distribuição de água exclusivamente para rega.

Com o projecto, pretende-se reforçar o caudal captado na Graça do Divor, criar um armazenamento exclusivamente para rega e fazer distribuição de água por cerca de 20,3 hectares, aproximadamente metade das áreas verdes regadas da cidade.

Pinto de Sá previu que as obras possam arrancar no próximo ano, sublinhando que, após o concurso público para a empreitada, “pode haver reclamações”, o que poderá implicar atrasos.

A reabilitação do aqueduto envolveu também uma componente relacionada com a iluminação cénica na zona do centro histórico, a qual será inaugurada na terça-feira, após uma intervenção orçada em 110 mil euros.

De acordo com a autarquia, a intervenção incidiu nos alçados, topo-capeamento e intradorso dos arcos e o projecto procurou optimizar a percepção do monumento, adoptando luz de diferentes tonalidades para os seus alçados e para o interior das arcadas.