Novo Banco pede mais 541 milhões ao Fundo de Resolução

Factura da venda do Novo Banco continua a subir: os prejuízos de 400 milhões do primeiro semestre justificam nova injecção do Fundo de Resolução, desta vez de 541 milhões.

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Miguel Manso

O Novo Banco prevê pedir mais 541 milhões de euros ao Fundo de Resolução, uma estimativa decorrente dos prejuízos de 400,1 milhões de euros no primeiro semestre, divulgou hoje o banco liderado por António Ramalho.

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O Novo Banco prevê pedir mais 541 milhões de euros ao Fundo de Resolução, uma estimativa decorrente dos prejuízos de 400,1 milhões de euros no primeiro semestre, divulgou hoje o banco liderado por António Ramalho.

“O montante de compensação de capital estimado nas contas do semestre é de 541 milhões de euros”, pode ler-se na nota enviada hoje à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). Contudo, o valor pedido ao Fundo de Resolução apenas vai ser contabilizado em 2020, quando estiverem fechadas as contas de 2019.

Segundo o banco, “a compensação do final do ano dependerá das perdas e custos, das recuperações e das exigências de capital em vigor à data”. No entanto, o Novo Banco adianta que os seus rácios de capital estão “protegidos em níveis predeterminados até aos montantes das perdas já verificadas nos activos protegidos pelo Mecanismo de Capital Contingente”, ou seja, o mecanismo que permite o recurso ao Fundo de Resolução.

Em Maio, o Novo Banco recebeu mais uma injecção de capital pelo Fundo de Resolução de 1149 milhões de euros, isto depois de em 2018 ter tido prejuízos de 1412,6 milhões de euros.

Do valor colocado no banco, 850 milhões de euros vieram de um empréstimo do Tesouro ao Fundo de Resolução (entidade da esfera do Banco de Portugal que consolida nas contas públicas).

Em 2018, para fazer face a perdas de 2017, o Novo Banco já tinha recebido uma injecção de capital de 792 milhões de euros do Fundo de Resolução.

A injecção de capital serve para cobrir as perdas relativas a activos (crédito malparado, imóveis) incluídos no mecanismo de compensação acordado aquando da venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star, em Outubro de 2017. O Novo Banco vendeu, no primeiro semestre, carteiras de crédito malparado, imóveis e ainda a seguradora GNB Vida, “cujo impacto negativo ascendeu a 340 milhões de euros”.

O mecanismo em vigor estabelece que o Novo Banco pode solicitar ao Fundo de Resolução até 3890 milhões de euros até 2026, pelo que nos próximos anos ainda pode pedir mais quase 2000 milhões de euros. No valor relativo ao primeiro semestre, já se desconta a esta margem de 2000 milhões os 541 milhões anunciados esta sexta-feira.

O prejuízo de 400,1 milhões de euros no primeiro semestre do ano compara com um prejuízo de 212,2 milhões no mesmo período de 2018.

Em comunicado, o Novo Banco explica que o resultado se deve a “uma perda de 513,5 milhões de euros na actividade legacy [legado do BES] e de um ganho de 113,4 milhões de euros na actividade recorrente”.

O Novo Banco fechou, por outro lado, o primeiro semestre com menos 103 trabalhadores do que no final de 2018. “Os custos com pessoal totalizaram 133,4 milhões de euros (-0,3% em termos homólogos), para o que contribuiu a redução, face a 31 de Dezembro de 2018, de 103 colaboradores”, refere o banco liderado por António Ramalho. No final de Junho, o banco nascido na resolução do BES tinha 4993 funcionários. Ainda na mesma data tinha 401 balcões, menos um do que em 2018.

O Banco Espírito Santo, tal como era conhecido, acabou em Agosto de 2014, tendo sido criado o Novo Banco, actualmente detido em 75% pelo fundo Lone Star e em 25% pelo Fundo de Resolução bancário.