Eleições israelitas: Shaked lidera bloco de direita e Barak desce à esquerda
Antiga ministra da Justiça encabeça coligação de direita que já surge em terceiro lugar nas sondagens. Já o antigo primeiro-ministro Ehud Barak, que protagonizou um regresso surpreendente nesta campanha, parece estar em dificuldades.
O prazo para os partidos israelitas apresentarem listas conjuntas às eleições de 17 de Setembro em Israel termina esta quinta-feira, e depois de três fusões, havia quem ainda tentasse juntar mais partidos ao seu bloco. A disputa entre os dois principais partidos parece, entretanto, inalterada: o Likud do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e a lista Azul e Branca, do antigo chefe do exército Benny Gantz, mantém-se empatados, segundo as sondagens.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O prazo para os partidos israelitas apresentarem listas conjuntas às eleições de 17 de Setembro em Israel termina esta quinta-feira, e depois de três fusões, havia quem ainda tentasse juntar mais partidos ao seu bloco. A disputa entre os dois principais partidos parece, entretanto, inalterada: o Likud do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e a lista Azul e Branca, do antigo chefe do exército Benny Gantz, mantém-se empatados, segundo as sondagens.
O mais recente anúncio de união veio de Aylet Shaked, que foi ministra da Justiça sob Netanyahu (2015-2019), que é agora, declara o Haaretz, a mulher mais poderosa da política israelita. Isto, sublinha o jornal, desafia todas as ideias feitas sobre liderança no feminino na política israelita: até agora, de Golda Meir a Tzipi Livni, os partidos chefiados por mulheres estavam sempre do lado secular ou de esquerda (centro-esquerda no caso de Livni).
Por isso é “espantoso” que a única mulher na liderança de um partido “represente um dos sectores mais iliberais do país”. Juntou outros dois partidos da direita religiosa e anunciou que continuava a tentar que outros entrassem ainda na lista. A aliança subiu já para o terceiro lugar nas sondagens.
É uma excepção ao resto do quadro, que parece semelhante ao das eleições de Abril, em que Likud e Azul e Branco empataram, mas o bloco de direita que seria chefiado por Netanyahu conseguiu uma pequena maioria. Bibi não conseguiu, no entanto, que Avigdor Lieberman, do partido nacionalista Israel Nossa Casa, se juntasse ao Governo. E precipitou novas eleições.
Em Abril, o partido formado por Shaked (e Naftali Bennet, antigo ministro da Educação) ficou aquém dos 3,25% necessários para entrar no Parlamento. Com esta fusão, é certo que conseguirão entrar, e muito provavelmente em terceiro lugar.
Segundo a mais recente sondagem do Canal 12, Likud e Azul e Branco teriam agora 30 deputados cada, seguindo-se a nova lista de Shaked (Direita Unida) com 12. Outra lista resultado de uma união para estas eleições, a Lista Unida, que junta quatro partidos árabes israelitas, obteria 11 deputados, seguida do partido de Lieberman com dez.
Dois partidos religiosos ultra-ortodoxos, o Judaísmo Unido da Torah e o Shas, aparecem com oito e sete deputados previstos, e só então o partido do antigo primeiro-ministro trabalhista Edud Barak, com sete deputados (o que quereria dizer que Barak, em décimo lugar na lista, não seria sequer eleito deputado). Em último aparece a fusão do Partido Trabalhista com o Gesher (liberal) com cinco deputados.
"O homem que Israel adora odiar"
Ehud Barak protagonizou a primeira surpresa desta campanha quando há pouco mais de um mês anunciou o seu regresso à política. O mais condecorado militar israelita, por um lado e, por outro, o homem que “Israel mais adora odiar”, como disse o diário britânico The Guardian quando o então ministro da Defesa anunciou a sua retirada da política, m 2012. E é, ainda, o político que conseguiu derrotar Netanyahu (em 1999), se bem que apenas para governar um mandato curto e desastroso (saiu com a segunda Intifada e o início da violência da revolta palestiniana). Ainda foi ministro da Defesa no Governo de Ehud Olmert e, depois, do próprio Netanyahu.
Mas uma foto de Barak entrando, com a cara meio tapada, na casa de Nova Iorque de Jeffrey Epstein, o magnata acusado de tráfico e abuso sexual de menores preso no início de Julho, publicada pelo tablóide britânico Daily Mail, não está a ajudar a sua campanha.
Barak, que conseguiu juntar o seu recém-formado partido democrático ao Meretz (esquerda) também fez um último apelo para uma união do centro-esquerda, tanto ao Azul e Branco ao Labour.
As fusões dos partidos têm como objectivo não perder votos com partidos que possam não passar o limite de 3,25% para entrar no Parlamento. Em jogo nestas eleições antecipadas estará sobretudo que bloco pode ter maioria. O político cuja recusa foi determinante para que não houvesse novo governo de direita, Avigdor Lieberman, declarou-se entretanto favorável a um governo de unidade nacional. Gantz tem recusado esta hipótese, dizendo que não se juntará a um primeiro-ministro acusado de corrupção – Netanyahu será ouvido pelo procurador-geral em Outubro e este já disse que pretende acusá-lo por dois casos de suspeita de corrupção.