Quem é Phum Viphurit, o Mac DeMarco tailandês que está a chegar a Lisboa?
Um dos mais promissores músicos asiáticos estreia-se nos palcos portugueses esta quarta-feira, no Musicbox. Em conversa com o PÚBLICO, promete uma noite de canções descontraídas e de fraternidade.
“Tenho 23 anos, nasci na Tailândia, cresci na Nova Zelândia e actualmente vivo em Banguecoque.” Esta é a carta de apresentação do jovem músico Phum Viphurit, cantautor que esta quarta-feira, 31 de Julho, se apresenta no Musicbox, em Lisboa. “A minha musica vem em muitos tons, mas, na maior parte das vezes, gosto de comparar o meu som a uma sensação de alegria cinética e à luz do sol.”
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“Tenho 23 anos, nasci na Tailândia, cresci na Nova Zelândia e actualmente vivo em Banguecoque.” Esta é a carta de apresentação do jovem músico Phum Viphurit, cantautor que esta quarta-feira, 31 de Julho, se apresenta no Musicbox, em Lisboa. “A minha musica vem em muitos tons, mas, na maior parte das vezes, gosto de comparar o meu som a uma sensação de alegria cinética e à luz do sol.”
O músico que despertou a atenção global graças aos videoclips virais das suas músicas, que contam com milhões de visualizações no YouTube (Hello, anxiety, lançada há quatro meses, já vai em 5,9 milhões de visualizações; Lover boy, single de 2018, soma uns esmagadores 43 milhões de visualizações), estreia-se em Portugal na sequência de um percurso que, confessa por e-mail ao PÚBLICO, começou no carro da sua mãe. “O meu interesse pela música nasceu ao ouvir a vasta colecção de CD da minha mãe no carro que ela tinha quando era mais novo.”
A influência dos interesses da mãe e dos vídeos que via na MTV fizeram com que Phum quisesse experimentar a música na primeira pessoa. De início veio a bateria, mas queixas dos vizinhos levaram a que adoptasse a guitarra acústica. “Lembro-me de pegar na guitarra para aprender a tocar músicas que queria transformar em covers, foi assim o inicio da minha carreira: covers do YouTube.”
No entanto, as limitações da sua voz, reconhecidas pelo próprio, e o estilo único de tocar ritmos na guitarra (combinação do amor pelas guitarras rítmicas dos Chic ou dos Sister Sledge e da incapacidade de usar uma palheta) fizeram com que as suas versões fossem adquirindo cada vez mais uma identidade própria. “Como tenho um alcance vocal limitado, muitas vezes tinha de alterar o tom das músicas e, ao fazer isso, apercebi-me de que estava a adicionar a minha própria personalidade às covers. Não foi muito depois que pensei: ‘Por que não crio uma música minha?’ Tinha 18 anos quando escrevi o meu primeiro original.”
Antes de falarmos sobre o sucesso actual do músico, é necessário recuar nove anos antes desse momento em que compôs a sua primeira canção para compreendermos o caminho que o levou até onde está actualmente. “Tinha nove anos quando a minha mãe e o meu irmão decidiram mudar-se para Hamilton, na Nova Zelândia. Foi uma grande mudança para mim.” Os nove anos que viveu em Hamilton, a quarta maior área urbana da Nova Zelândia, com cerca de 185 mil habitantes, foram fundamentais na construção da sua personalidade. “Há uma certa tranquilidade no ar onde quer que vás na Nova Zelândia. Não consigo identificar ao certo o que foi, mas, subconscientemente, esta experiência moldou-me como homem e como músico.”
A pacatez da Nova Zelândia está bem traduzida nos instrumentais relaxados e gingões das suas músicas, um encontro perfeito entre ritmos disco, funk tailandês “que se encontra em mergulhos profundos na Internet ou numa loja de vinis em Banguecoque”, e indie pop ocidental, nomeadamente, de Mac DeMarco, uma professada influência, que Phum já teve o prazer de conhecer pessoalmente. “Normalmente, acho que as comparações são morte da criatividade, mas com o Mac é diferente. Eu admiro-o por simplesmente fazer aquilo que ama de uma maneira genuína. Já se usavam reverb e chorus muito antes do Mac e é engraçado ler comentários acerca de como outros músicos tentam copiá-lo. O Mac é o Mac, ninguém pode copiá-lo.”
Transcender a nacionalidade
Phum Viphurit regressou entretanto à Tailândia para estudar cinema em Banguecoque, cidade onde está actualmente, instalado. O seu olho cinematográfico está aliás bem presente nos videoclips criativos e bem-dispostos que ajudaram a propulsionar a sua música a novas audiências internacionais – que serão, “estatisticamente”, a grande maioria dos seus fãs.
O músico acha positiva a penetração da cultura asiática nos hábitos de consumo do mundo ocidental, mas espera que a nacionalidade não seja o principal factor que os seus ouvintes tenham em conta quando o ouvem. “Muitas pessoas vêem-me como um representante da bandeira tailandesa quando estou em digressão pelo mundo fora e isso é óptimo, mas no fundo só quero ser visto como um músico. Tenho orgulho da minha herança tailandesa, mas espero que o facto de ser tailandês, e um dos primeiros tailandeses a fazer digressões internacionais, seja apenas um factor menor. A alegria e a união que a minha música criam devem vir sempre em primeiro lugar.”
Apesar de já ser um dos nomes mais promissores da música asiática, ainda há vários objectivos que o músico quer riscar da sua wishlist, nomeadamente, ver uma das suas músicas inserida na banda-sonora do aclamado videojogo de futebol FIFA, assumindo-se como um “autoproclamado” mestre do jogo e um fã de Cristiano Ronaldo e das trivelas do Ricardo Quaresma. Deve ser por isso que está entusiasmado por actuar a Portugal. “Tenho recebido boas indicações sobre as salas de concertos portuguesas e os seus espectadores. Vai ser a primeira vez que vou actuar em Portugal e espero que não seja última.” Texto editado por Inês Nadais