PSD acusa Cabrita de ser “ministro da propaganda” e exige ao Governo recolha de golas inflamáveis

As 70 mil golas antifumo produzidas com material inflamável distribuídas às populações custaram 125 mil euros.

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As golas foram entregues pela protecção civil no âmbito do programa Aldeias Seguras Rui Gaudêncio

O PSD acusou nesta sexta-feira o ministro da Administração Interna de actuar como “um ministro da propaganda” e exigiu ao Governo que mande “de imediato” recolher as golas em material inflamável que foram distribuídos às populações.

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O PSD acusou nesta sexta-feira o ministro da Administração Interna de actuar como “um ministro da propaganda” e exigiu ao Governo que mande “de imediato” recolher as golas em material inflamável que foram distribuídos às populações.

O Jornal de Notícias escreve esta sexta-feira que 70 mil golas antifumo fabricadas com material inflamável e sem tratamento anticarbonização, que custaram 125 mil euros, foram entregues pela protecção civil no âmbito dos programas Aldeia Segura e Pessoas Seguras, com o ministro Eduardo Cabrita a classificar a notícia como “irresponsável e alarmista”.

“A reacção do Governo é tão inacreditável como a situação em si. O senhor ministro culpa os autarcas por fazerem o seu trabalho, fica incomodado com perguntas dos jornalistas, quando a irresponsabilidade do que aconteceu é entregar material inflamável a pessoas supostamente para as proteger”, criticou o deputado do PSD Duarte Marques, em declarações à Lusa.

O deputado social-democrata eleito por Santarém sublinha que “o Governo gastou quase 200 mil euros numa manobra de marketing”, defendendo que esse dinheiro seria “muito melhor aplicado” dando meios aos bombeiros, que ainda têm verbas em atraso para receber.

“Temos um ministro da propaganda, que devia ser ministro da Administração Interna, que é um perigo para os portugueses, porque este material é altamente inflamável, não pode ser usado pelas pessoas no fogo”, reforçou.

Por isso, o PSD exige que “de imediato” o Governo esclareça se já mandou recolher estes lenços em material inflamável e que garanta que “não voltarão a ser usados”, considerando que “são um perigo para as pessoas”.

“Se foi uma manobra de marketing ou merchandising, foi uma manobra muito infeliz e muito irresponsável”, acusou.

Para o PSD, acrescentou, “mais do que acusar ou responsabilizar, a primeira prioridade é garantir que este material é recolhido pelo Governo”.

“O senhor ministro da Administração Interna, que devia ser o principal responsável pela segurança das pessoas, anda literalmente a brincar com o fogo e isso não é admissível em Portugal”, disse.

Questionado sobre os factos revelados pelo JN, o ministro Eduardo Cabrita respondeu que a notícia é “verdadeiramente irresponsável e alarmista”, considerando que revela “desconhecimento de questões técnicas que a Autoridade Nacional de Protecção Civil já esclareceu”.

O ministro sublinhou a importância do programa que está em curso em mais de 1600 aldeias do país, assegurando que a distribuição das golas antifumo não põe em causa nem o projecto nem a segurança das pessoas.

O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, disse ao PÚBLICO que este caso é “gravíssimo” e pede ao Ministério da Administração Interna (MAI) que abra um “inquérito rigoroso” para apurar responsáveis e que estes “aceitem as consequências”. E assevera que as golas e coletes deveriam ser recolhidos “imediatamente”, até porque dão uma falsa ilusão de protecção a quem os use – quando, na verdade, “pode estar a pôr em risco a vida das pessoas”.

Em comunicado enviado às redacções na sequência da notícia do JN, a Protecção Civil garante que os kits distribuídos “não são materiais de combate a incêndios nem equipamentos de protecção individual”. A estrutura refere que esta campanha tem como intuito a “sensibilização para as boas práticas” a adoptar em caso de incêndio.