“Em Agosto de 1978, o Verão em que conheci Anna Trabuio, o meu pai levou uma rapariga para o bosque.” É desta maneira inesperada, confessional, que começa o romance A Vida Feliz, da italiana Elena Varvello (n. 1971). Esta frase inicial dá de imediato o tom de grande parte da narrativa ao criar no leitor a ansiedade pelo que aí possa vir: e o que aí vem é uma espécie de thriller “ao contrário” — em que o crime e o criminoso são já conhecidos e o que importa são outras coisas: as razões, a culpa, a punição ou não do acto. A narrativa do acontecimento continua linhas depois: “Viram-no a conduzir com as luzes apagadas em direcção à povoação, mas depois saiu da estrada, tomou um caminho íngreme e acidentado e obrigou-a a sair, arrastou-a com ele.” Fica no leitor a ideia de que as coisas em breve irão ser desvendadas, e sobretudo quando duas páginas depois, outro suposto crime se junta: “Ele já costumava sair há algum tempo, mas foi só então — menos de um ano desde o seu despedimento e depois do desaparecimento do menino — que tudo se desmoronou.” Mas nada vai ser tão claro como parece.
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“Em Agosto de 1978, o Verão em que conheci Anna Trabuio, o meu pai levou uma rapariga para o bosque.” É desta maneira inesperada, confessional, que começa o romance A Vida Feliz, da italiana Elena Varvello (n. 1971). Esta frase inicial dá de imediato o tom de grande parte da narrativa ao criar no leitor a ansiedade pelo que aí possa vir: e o que aí vem é uma espécie de thriller “ao contrário” — em que o crime e o criminoso são já conhecidos e o que importa são outras coisas: as razões, a culpa, a punição ou não do acto. A narrativa do acontecimento continua linhas depois: “Viram-no a conduzir com as luzes apagadas em direcção à povoação, mas depois saiu da estrada, tomou um caminho íngreme e acidentado e obrigou-a a sair, arrastou-a com ele.” Fica no leitor a ideia de que as coisas em breve irão ser desvendadas, e sobretudo quando duas páginas depois, outro suposto crime se junta: “Ele já costumava sair há algum tempo, mas foi só então — menos de um ano desde o seu despedimento e depois do desaparecimento do menino — que tudo se desmoronou.” Mas nada vai ser tão claro como parece.