Sánchez acusa toda a gente do fracasso socialista

O primeiro-ministro espanhol em exercício queria um acordo do género da geringonça em Portugal e não com Unidas Podemos no governo.

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Pedro Sánchez discursou durante pouco mais de dez minutos Ballesteros/EPA

Para Pedro Sánchez, havia uma coisa óbvia. “Entre forças de esquerda, o Governo tinha que estar garantido desde o primeiro momento” e o executivo teria “necessitado sempre de Unidas Podemos (UP)” para um executivocoerente, mas “o acordo não foi possível”. E para o primeiro-ministro de Espanha em exercício, a culpa foi do partido de Pablo Iglesias, que não aceitou a proposta “generosa” dos socialistas.

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Para Pedro Sánchez, havia uma coisa óbvia. “Entre forças de esquerda, o Governo tinha que estar garantido desde o primeiro momento” e o executivo teria “necessitado sempre de Unidas Podemos (UP)” para um executivocoerente, mas “o acordo não foi possível”. E para o primeiro-ministro de Espanha em exercício, a culpa foi do partido de Pablo Iglesias, que não aceitou a proposta “generosa” dos socialistas.

“Nunca houve problemas de programa que impedissem o acordo”, acrescentou Sánchez, nem sequer “humilhação”, como acusam os dirigentes do UP, mas tendo ambição de voltar a ser primeiro-ministro e que os socialistas formem governo, o PSOE não quer governar a qualquer preço e quer que haja um governo e não dois governos. “Se me obriga a escolher entre ser presidente [do Governo] e as minhas convicções, escolho as minhas convicções”.

“De que serve uma esquerda que perde inclusivamente quando ganha?”, perguntou retoricamente Sánchez a Iglesias: “É isto que quer para Espanha? O que vai fazer, senhor Iglesias? É isto que quer para Espanha? Vai impedir que haja um Governo progressista?”

Perguntas que sabia que não teriam uma resposta positiva, pois o Podemos e o seu sócio de coligação Esquerda Unida já haviam anunciado antes da votação de investidura que se iriam abster, impedindo que o governo de Sánchez conseguisse mais “sins” que “nãos”.

O líder socialista começou o seu discurso no último dia do debate da investidura no Congresso espanhol a falar no “bloqueio parlamentar” que impede a formação do governo, com a falta de acordo com o Podemos e a indisponibilidade da direita para se abster na votação. A Esquerda Republicana da Catalunha, por seu lado, admitiu “abster-se em troca de nada”.

Sánchez disparou à esquerda e à direita pelo fracasso, discursou durante pouco mais de dez minutos como se tivesse mais peso do que realmente tem no Congresso espanhol. Falando directamente para o Partido Popular, dizendo o nome de Casado por extenso, o líder socialista reivindicou o PSOE como um partido verdadeiramente nacional, com eleitos em todo o território, ao contrário do PP, que não conseguiu eleger um único vereador no País Basco, nem um deputado nacional na Catalunha.

Daí que Pablo Casado tenha começado a sua intervenção por dizer, parafraseando o célebre mini-conto de Augusto Monterroso, que quando Sánchez acordou, o elefante cor-de-rosa com laço ainda ali estava.