Mário Figueiredo. Ciência de Dados, machine learning e os mistérios que falta resolver para criar
O convidado desta semana do podcast Quarenta e cinco graus é Mário Figueiredo, professor catedrático no Instituto Superior Técnico e coordenador da área de redes e multimédia no Instituto de Telecomunicações. É um dos académicos mais citados a nível mundial na investigação em machine learning, processamento de imagens e optimização, técnicas que têm aplicação, por exemplo, na medicina ou na interpretação de imagens de satélite.
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O convidado desta semana do podcast Quarenta e cinco graus é Mário Figueiredo, professor catedrático no Instituto Superior Técnico e coordenador da área de redes e multimédia no Instituto de Telecomunicações. É um dos académicos mais citados a nível mundial na investigação em machine learning, processamento de imagens e optimização, técnicas que têm aplicação, por exemplo, na medicina ou na interpretação de imagens de satélite.
A conversa começa pela revolução que a chamada ciência de dados trouxe nos últimos anos e as implicações que tem no mundo actual. A ciência de dados desenvolveu-se muito nos últimos anos, resultado de duas revoluções paralelas: a enorme expansão na quantidade de dados disponíveis (os chamados big data) e os desenvolvimentos que tem havido em machine learning, uma área que veio revolucionar a Inteligência Artificial. Com estes algoritmos conseguimos hoje programas que aprendem automaticamente a detectar padrões e conseguem tirar conclusões úteis a partir de uma enorme quantidade de dados.
Fala-se ainda sobre o impacto destes avanços não só apenas na economia e na sociedade, mas também na própria ciência, que passa a ter uma ferramenta complementar à matemática. Daí que um grupo de cientistas da Google tenha escrito o artigo The unreasonable effectiveness of data (A eficácia irracional dos dados), uma resposta a um ensaio famoso do físico Eugene Wigner sobre Unreasonable effectiveness of mathematics in the natural sciences (Eficácia Irracional da Matemática nas Ciências Naturais).
À boleia desta discussão, o resto da conversa passa para o tema mais geral da Inteligência Artificial, uma área que tem visto grandes progressos conseguindo mesmo superar os seres humanos numa série de tarefas que até aqui pensávamos não estarem ao alcance de um computador, como traduzir línguas, conduzir carros ou mesmo gerar fotografias (credíveis) de caras de pessoas que não existem na realidade.
No entanto, para Mário Figueiredo, estes progressos continuam a ocorrer em tarefas específicas — nada garante que estejam a contribuir de alguma forma para criar Inteligência Artificial capaz de autonomia e de pensar como um ser humano.
Assumindo que a inteligência humana é de facto diferente, a grande questão é: o que é especial, então, no cérebro humano? Para o físico britânico David Deutch, referido na conversa, é “a capacidade que os humanos têm para gerar novas explicações para um determinado fenómeno”.
Portanto, no curto prazo, parece mais provável que a Inteligência Artificial continue a complementar — e não a substituir — a Inteligência Humana. E, por coincidência, foi precisamente no dia em que a conversa foi gravada que Elon Musk anunciou os progressos que tem feito na Neuralink, a empresa que criou para desenvolver interfaces entre o cérebro e um computador, e que o multimilionário acredita vir um dia a permitir fazer uma espécie de “fusão” entre o cérebro humano e os sistemas de IA.
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