Samakuva admite ser candidato a Presidente de Angola em 2022
O líder da UNITA diz que notícia de que pretende concorrer a novo mandato na presidência do partido é falsa, mas se mudarem os estatutos pode enfrentar João Lourenço nas próximas eleições.
Isaías Samakuva admite voltar a ser candidato às eleições em 2022, se os estatutos da UNITA forem alterados no XIII Congresso Ordinário do partido, que se realiza de 13 a 15 de Novembro, permitindo a realização de um congresso extraordinário para a escolha do candidato do partido à Presidência da República.
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Isaías Samakuva admite voltar a ser candidato às eleições em 2022, se os estatutos da UNITA forem alterados no XIII Congresso Ordinário do partido, que se realiza de 13 a 15 de Novembro, permitindo a realização de um congresso extraordinário para a escolha do candidato do partido à Presidência da República.
O político desmente que esteja a pensar recandidatar-se a novo mandato à frente da UNITA, mas num cenário de mudança de estatutos, consideraria a possibilidade de voltar a ser candidato presidencial do partido do Galo Negro: “Não fecho a porta a essa possibilidade. Na política aprendi que nunca se deve dizer nunca”, disse Samakuva em conversa telefónica com o PÚBLICO.
Garantindo que “é falsa, completamente falsa” a notícia do Jornal de Angola, manchete na edição de terça-feira do diário público angolano, de que pretende recandidatar-se a novo mandato de quatro anos à frente do partido, Samakuva, de 73 anos, dá sinais de que ainda não considera a sua carreira política acabada.
Segundo disse ao PÚBLICO uma fonte próxima do partido, Isaías Samakuva, líder da oposição desde 2003, quando sucedeu no partido ao seu fundador, Jonas Savimbi, morto em combate em 2002, acha que o seu ciclo político devia fechar-se com a Presidência da República. Os estatutos da UNITA consagram que o presidente do partido é o candidato à presidência, logo, deixando a liderança, perderia a oportunidade de chegar à chefia do Estado. Alterar os estatutos seria a única forma de isso poder acontecer.
Samakuva sabe, no entanto, que alterar os estatutos e consagrar outra forma de escolher o candidato presidencial não será fácil e enfrentará obstáculos. “Na minha experiência, isso traria problemas para a mentalidade do partido e para a mentalidade em Angola. É complicado”, ressalva. Porém, seguirá “aquilo que a maioria achar” e decidirá “perante as circunstâncias que se apresentarem”.
Será matéria a discutir no congresso, em que está prevista uma revisão dos estatutos, que marcará a saída de Samakuva e a chegada do terceiro presidente da história da UNITA, sendo que um dos favoritos à sucessão é Adalberto da Costa Júnior, o líder da bancada parlamentar. Mas ainda não há candidatos, apenas manifestações de intenção; o prazo para formalizar as candidaturas decorre de 16 a 30 de Setembro.
Isaías Samakuva decidiu em 2016 que este seria o seu último mandato como presidente do maior partido da oposição em Angola e ao PÚBLICO volta a sublinhar essa intenção, confessando não perceber de onde veio a notícia do Jornal de Angola, que cita uma fonte não identificada.
“Não compreendo o que está por trás disto tudo. Não sabemos de onde surgiu a notícia ou quem a inventou”, disse. Ao pedido directo de uma afirmação que calasse os rumores, uma declaração peremptória, Samakuva, escolheu, no entanto, não o fazer: “Não preciso de afirmar uma e outra vez a mesma coisa. Se as pessoas não acreditam, não é por eu voltar a dizer agora que vão acreditar”.
Em Maio de 2016, numa entrevista ao jornal online Rede Angola, fazendo a antevisão das eleições de 2017, Samakuva dizia: “Ganhe ou perca, este é o meu último mandato”. Uma afirmação que se complementava, de forma igualmente peremptória, com uma ideia que acabaria por não se confirmar. “Aliás, não vou completar o mandato, o mandato no nosso partido é de quatro anos e eu já disse logo depois do nosso congresso que eu vou até 2017, até às eleições.” Em Dezembro de 2017, perdidas as eleições, a comissão política votou por esmagadora maioria (169 votos a favor, 24 contra e quatro nulos) que Samakuva seguisse até 2019.