Indonésia avança com proibição de turismo em Komodo para “salvar os dragões”
A ilha deverá fechar durante um ano, ou mais, para proteger a espécie ameaçada. E quando reabrir haverá novas medidas e restrições.
[actualização 1/10/2019: Indonésia desiste de fechar Komodo]
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[actualização 1/10/2019: Indonésia desiste de fechar Komodo]
A ideia de fechar a ilha de Komodo a visitas já tinha sido avançada por autoridades locais na Primavera, após a detenção de vários indivíduos que tinham roubado dezenas de dragões-de-Komodo. Agora, o vice-governador da província de Nusa Tenggara Oriental, que abrange a ilha, confirmou a aprovação do plano: o território será encerrado em 2020, para proteger os maiores lagartos do mundo, ícones da região e atracção turística.
“Temos de salvar os dragões-de-Komodo da extinção, esse é o objectivo”, disse Josef Nae Soi à Reuters, adiantando que o Presidente indonésio, Joko Widodo, aprovou o projecto. “Queremos que a ilha de Komodo seja dedicada à conservação”, comentou Widodo após uma visita à região, citado num site governamental referido pela agência.
A ilha integra o Parque Nacional de Komodo, Património Mundial pela UNESCO, uma área protegida entre as ilhas de Sumbawa e das Flores que é visitada anualmente por mais de 176 mil turistas vindos de todo o mundo. As atracções passam pelas praias e pelas maravilhas naturais, mas o ícone maior é o dragão, que só existe em vida selvagem nesta região da Indonésia.
Na ilha vivem cerca de 1700 grandes lagartos e há também centenas de exemplares da espécie noutras ilhas próximas, como as de Rinca e de Padar, que permanecerão abertas a visitas.
O encerramento deverá durar, no mínimo, um ano, mas poderá ser prolongado, segundo confirmou outro responsável governamental à agência Efe. Os turistas “provocam a agressividade dos dragões”, realçou Marius Ardu Jelamu, chefe da secretaria regional da província, sublinhando que “têm acontecido muitos casos em que foram mordidos” pelos lagartos. Uma consequência do turismo “maciço” e “descontrolado”.
O projecto de protecção dos lagartos passa por proteger também os veados e búfalos, que fazem parte da cadeia alimentar dos dragões (que podem chegar aos três metros de comprimento) e cujas populações têm diminuído graças aos caçadores furtivos.
Quando a ilha reabrir, deverá ser com novas condições e como “destino turístico premium”, embora não esteja prevista uma taxa de entrada – chegou a falar-se em 500 dólares. Ainda assim, o Presidente indonésio é também citado como tendo referido a questão financeira com um lacónico: “Se não puder pagar, não precisa de ir lá”.
A medida de encerramento da ilha não é pacífica, inclusive entre os muitos habitantes locais que dependem do turismo para sobreviver. Por isso mesmo, acrescentou Soi, as autoridades estão em conversação com a comunidade local, incluindo-se a possibilidade de realojamentos para outras ilhas.