Islândia vai ter um memorial para lembrar Ok, um glaciar que derreteu
A memória de Ok, um antigo glaciar, vai ser congelada numa placa onde se lê um alerta: “Este monumento serve para reconhecer que nós sabemos o que está a acontecer e o que é preciso fazer.”
Onde antes estava um glaciar, vai passar a ver-se um monumento com uma “carta para as gerações futuras”. Ok, o diminutivo pelo qual era conhecido Okjökull, foi o “primeiro glaciar islandês com um nome próprio" a perder o estatuto de glaciar por causa do aquecimento global — e é um símbolo de que tudo não está OK.
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Onde antes estava um glaciar, vai passar a ver-se um monumento com uma “carta para as gerações futuras”. Ok, o diminutivo pelo qual era conhecido Okjökull, foi o “primeiro glaciar islandês com um nome próprio" a perder o estatuto de glaciar por causa do aquecimento global — e é um símbolo de que tudo não está OK.
“Nos próximos 200 anos, espera-se que todos os nossos glaciares sigam o mesmo caminho. Este monumento serve para reconhecer que nós sabemos o que está a acontecer e o que é preciso fazer. Apenas vocês saberão se nós o fizemos”, lê-se em islandês e inglês na placa que irá marcar a montanha onde estava o glaciar, em Borgarfjörður, na Islândia.
Os mais de 400 glaciares islandeses estão a derreter mais rápido do que o previsto e espera-se que desapareçam até 2200. Okjökull perdeu o estatuto de glaciar em 2014 e está agora reduzido a uma camada de gelo com menos de 15 metros de profundidade, que se alonga apenas por um quilómetro quadrado. Há um século, Ok cobria 15 quilómetros quadrados da montanha, com acumulações de gelo de 50 metros.
O “primeiro monumento de homenagem a um glaciar derretido” ficou a cargo de uma equipa de investigadores da Universidade de Rice, em Houston, Texas, e da Sociedade de Caminhadas Islandesa, indica o comunicado de imprensa da universidade norte-americana. “Estes corpos de gelo são as maiores reservas de água doce do planeta e congeladas nelas estão histórias da atmosfera”, disse Dominic Boyer, um dos antropólogos responsáveis pelo documentário Not Ok (2018), que conta a história do “pequeno glaciar com uma grande história”.
Cymene Howe, também antropóloga e co-produtora do filme, relembra o que um colega islandês lhe disse, enquanto discutiam a homenagem: “Os memoriais não são para os mortos, são para os vivos.” “Com este memorial, queremos sublinhar que nos cabe a nós, aos vivos, respondermos de forma colectiva à perda rápida de glaciares e a outros impactos das alterações climáticas”, alerta.
Vai ser possível assistir à inauguração do evento, a 18 de Agosto, mediante inscrição prévia. O evento vai incluir uma caminhada até ao topo da montanha onde está a fina camada de gelo que resta do Ok, pelo meio das rochas. Na placa que ali vai ser plantada, além da data, está ainda gravado um outro dado: 415 ppm (partes por milhão), valor recorde dos níveis de dióxido de carbono, atingido em Maio último. Um número muito mais elevado do que em qualquer outra altura nos últimos 800 mil anos.