Nova líder dos Liberais Democratas britânicos quer ser “candidata a primeira-ministra”
Jo Swinson venceu Ed Davey na votação interna do partido liberal do Reino Unido. Num discurso ambicioso, prometeu “fazer tudo para travar o ‘Brexit’” e piscou o olho a eleitores e políticos pró-UE.
Joanne Swinson foi eleita líder dos Liberais Democratas britânicos esta segunda-feira. A política escocesa, de 39 anos, derrotou Ed Davey na votação interna do partido liberal e assegurou ser “candidata a primeira-ministra”. O bom desempenho dos Lib Dems nas últimas eleições locais e europeias, aliado à oposição assumida pelo partido à saída do Reino Unido da União Europeia, são trunfos de Jo Swinson, como é conhecida, para poder representar os remainers nos próximos combates políticos e recuperar o protagonismo perdido em 2015, após uma participação prejudicial do partido no Governo conservador de David Cameron.
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Joanne Swinson foi eleita líder dos Liberais Democratas britânicos esta segunda-feira. A política escocesa, de 39 anos, derrotou Ed Davey na votação interna do partido liberal e assegurou ser “candidata a primeira-ministra”. O bom desempenho dos Lib Dems nas últimas eleições locais e europeias, aliado à oposição assumida pelo partido à saída do Reino Unido da União Europeia, são trunfos de Jo Swinson, como é conhecida, para poder representar os remainers nos próximos combates políticos e recuperar o protagonismo perdido em 2015, após uma participação prejudicial do partido no Governo conservador de David Cameron.
“Apresento-me aqui hoje, perante todos, não só como líder dos Lib Dems, mas como candidata a primeira-ministra. Não há limites à minha ambição para o meu partido, para o meu movimento e para o meu país”, afiançou a sucessora de Vince Cable, no discurso de vitória, em Londres. “Estou preparada para guiar o meu partido a eleições e para as vencer”.
Na eleição interna dos Liberais Democratas participaram cerca de 76 mil dos 106 militantes inscritos – a participação foi de 72%. Jo Swinson recebeu 63% dos votos e Ed Davey ficou-se pelos 37%. A deputada por East Dunbartonshire (arredores de Glasgow, na Escócia) e antiga secretária de Estado do Comércio do Governo de coligação liderado por Cameron (2010-2015) é a primeira mulher a liderar o partido.
Swinson disse ainda aos seus apoiantes que o “liberalismo está vivo e pujante” no Reino Unido, prometeu “fazer tudo o que for preciso para travar o ‘Brexit’” e assumiu a vontade de dar luta ao “crescimento do nacionalismo e do populismo” no país. “Não é altura para tribalismos”, defendeu.
A ambição revelada por Jo Swinson na sua primeira intervenção como líder será, para os seus opositores, algo desmedida, tendo em conta a representação do partido liberal no Parlamento britânico e a espiral eleitoral negativa resultante da governação com os tories.
Os Lib Dems são hoje a quarta força na Câmara dos Comuns de Westminster, com apenas 12 de 650 deputados, atrás do Partido Conservador (311 deputados), Partido Trabalhista (247) e Partido Nacional Escocês (35). Se é verdade que nas legislativas de 2017 acrescentaram quatro representantes aos oito que traziam de 2015, mais impactante é a comparação desses números com os resultados de 2010 e 2005: 57 e 62 deputados, nas respectivas eleições.
O optimismo dos liberais advém, no entanto, das últimas eleições locais em Inglaterra (2 de Maio) e europeias no Reino Unido (23 de Maio). O partido foi a terceira força mais votada nas locais inglesas, conquistando 18 councils – mais dez que na eleição anterior – e elegendo 1352 vereadores – mais 706.
E nas eleições para o Parlamento Europeu, os Liberais Democratas foram o segundo partido mais votado, atrás do Partido do Brexit, de Nigel Farage, e à frente do Labour, Partido Verde, Partido Conservador e Partido Nacional Escocês.
Numa altura em que o país se encontra atascado no processo de saída da UE e que os seus políticos e eleitores são cada vez mais desafiados a escolher apenas um dos lados da barricada – remainers ou brexiteers – os Lib Dems conseguiram, nessas duas eleições, somar pontos entre os primeiros, muitos deles eleitores descontentes com as lideranças de Theresa May e Jeremy Corbyn, e com a ausência de uma voz unificadora entre os que são contra o divórcio britânico com a UE.
É essa vontade de liderar a frente “anti-Brexit” no Parlamento britânico que leva Swinson a querer assumir um papel de destaque nos próximos tempos, pelo que promete estar atenta ao desfecho da corrida à sucessão de May, na terça-feira – Boris Johnson deverá ser anunciado como novo primeiro-ministro –, e a torcer por eleições antecipadas antes de 31 de Outubro, a data oficial do “Brexit”.
A mensagem aos restantes partidos, esta segunda-feira, não podia ser mais clara nesse sentido: “Se acreditam que o nosso país merece melhor, que podemos parar o ‘Brexit’ e que podemos travar Johnson, Farage e Corbyn, trabalhem connosco e juntem-se a nós. A minha porta está sempre aberta”. Chuka Umunna, ex-trabalhista e ex-Change UK, foi a mais recente aquisição dos Liberais Democratas.