Polícia usa gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes em Hong Kong

Pela sétima semana consecutiva, milhares de pessoas voltaram às ruas do território sob administração chinesa. Manifestantes marcharam pelo distrito Central, contrariando as ordens policiais.

Fotogaleria

A polícia voltou a usar gás lacrimogéneo para reprimir uma grande manifestação em Hong Kong este domingo, em protesto contra a lei da extradição e contra o que dizem ser a influência da China sobre o território.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A polícia voltou a usar gás lacrimogéneo para reprimir uma grande manifestação em Hong Kong este domingo, em protesto contra a lei da extradição e contra o que dizem ser a influência da China sobre o território.

As cenas de violência começaram ao início da noite (tarde em Portugal continental), depois de milhares de manifestantes terem ignorado as ordens da polícia e marcharem para o distrito Central, onde se encontram os edifícios governamentais. As autoridades locais tinham reduzido o percurso da manifestação por razões de segurança, mas os organizadores do protesto não aceitaram a decisão.

Há sete fins-de-semana consecutivos que milhares de pessoas - em duas ocasiões, as manifestações superaram a marca de um milhão participantes - têm saído às ruas de Hong Kong em protesto contra o Governo local. Desta vez, o esquema de segurança foi reforçado depois de na semana passada terem sido encontrados explosivos.

No início, a onda de protestos tinha como alvo principal uma lei que iria permitir a extradição de suspeitos de crimes para a China. Perante a força das manifestações, o Executivo local optou por suspender o processo de aprovação do diploma legislativo, mas os protestos mantiveram-se e transformaram-se num movimento de contestação mais amplo contra a influência da China sobre o território. Este domingo, desafiando as autoridades, os manifestantes marcharam até ao gabinete da representação da China em Hong Kong.

Exigências amplas

A Frente Cívica de Direitos Humanos, que integra 15 organizações não-governamentais e movimentos políticos, organizou duas marchas pacíficas maciças, a 9 e a 16 de Junho, que juntaram cerca de um milhão e de dois milhões de pessoas, respectivamente, de acordo com os organizadores.

Apesar de as manifestações serem maioritariamente pacíficas, manifestantes e polícia confrontaram-se nas ruas da antiga colónia britânica.

Dois dos protestos, a 12 de Junho e a 1 de Julho, foram marcados por violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, que usou balas de borracha e gás lacrimogéneo. A 1 de Julho, os manifestantes invadiram o Conselho Legislativo (parlamento).

Protestos e manifestações continuam a ser organizadas na cidade para exigir que o Governo chefiado por Carrie Lam responda a cinco reivindicações: retirada definitiva da lei da extradição, libertação de manifestantes detidos, que os protestos não sejam identificados como motins, um inquérito independente à violência policial e a demissão de Carrie Lam.

Apresentadas em Fevereiro, as alterações permitiriam ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

Os manifestantes dizem temer que Hong Kong fique à mercê do sistema judicial chinês como qualquer outra cidade da China continental e de uma justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respectivamente, decorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.

Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.