Despacho do MP diz que Azeredo Lopes autorizou recuperação encenada do material de Tancos
Em comunicado, o ex-ministro Azeredo Lopes lamenta a “flagrante violação do segredo de justiça que tal notícia consubstancia, e a que todos os agentes processuais estão obrigados por lei”.
O ex-ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, é suspeito de ter tido conhecimento e autorizado, em Agosto de 2017, a operação da Polícia Judiciária Militar (PJM) que encenou a recuperação do material furtado em Tancos, realizada sem o conhecimento da Polícia Judiciária, que era titular do processo. Segundo a revista Sábado, que teve acesso ao despacho do Ministério Público de apresentação de Azeredo Lopes ao juiz de instrução, dois meses antes de o material ter sido recuperado, Azeredo Lopes teve uma reunião no ministério da Defesa com Luís Vieira, ex-director da Polícia Judiciária Militar, durante a qual não só ficou a par do plano da recuperação do material como o autorizou.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
O ex-ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, é suspeito de ter tido conhecimento e autorizado, em Agosto de 2017, a operação da Polícia Judiciária Militar (PJM) que encenou a recuperação do material furtado em Tancos, realizada sem o conhecimento da Polícia Judiciária, que era titular do processo. Segundo a revista Sábado, que teve acesso ao despacho do Ministério Público de apresentação de Azeredo Lopes ao juiz de instrução, dois meses antes de o material ter sido recuperado, Azeredo Lopes teve uma reunião no ministério da Defesa com Luís Vieira, ex-director da Polícia Judiciária Militar, durante a qual não só ficou a par do plano da recuperação do material como o autorizou.
Num comunicado enviado às redacções, Azeredo Lopes lamenta a “flagrante violação do segredo de justiça que tal notícia consubstancia, e a que todos os agentes processuais estão obrigados por lei”. O ex-ministro reforça também no comunicado “as declarações feitas na Comissão Parlamentar de Inquérito de Maio de 2019”, onde disse acerca do memorando que aqueles dois elementos da PJM descreveram a operação, combinada com os alegados autores do furto: “Não tenho memória de alguma vez ter visto fisicamente esse documento. Li-o em momento posterior ou em momento simultâneo à minha demissão. Fiquei confortado, porque considero que o meu chefe de gabinete, no contexto em que recebe a informação, me transmite o essencial.”
Num terceiro ponto, Azeredo Lopes reitera que confia na Justiça: “Confio na Justiça, com ela colaborarei, como é meu dever, e estou convicto, porque nada fiz de ilegal ou incorrecto, que serei completamente ilibado de quaisquer responsabilidades neste processo”.
Azeredo Lopes é um dos 25 arguidos no processo que investiga o furto de material militar dos paióis de Tancos, divulgado pelo Exército a 29 de Junho de 2017, e a operação da PJM de recuperação do material furtado. Azeredo Lopes, que se demitiu do cargo de ministro da Defesa a 12 de Outubro de 2018, foi considerado suspeito de denegação de justiça e prevaricação, ou seja, é suspeito de ter interferido na investigação.
Quatro meses após o furto, a PJM revelou o aparecimento do material na zona da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, em colaboração com elementos do núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé. Entre o material furtado estavam granadas, explosivos e munições, que não foram todas recuperadas.
O processo de recuperação do material militar levou a uma investigação judicial em que foram detidos vários responsáveis, entre eles o agora ex-director da PJM Luís Vieira.