Sarah Affonso possui, em Portugal, uma imagem ambígua. Por um lado, foi casada com Almada Negreiros, pintor que a historiografia da arte da segunda metade do século XX considerou como um dos maiores de todo esse século. Mas, por outro, foi também ela artista, e desenvolveu uma obra que, embora ancorada no desenho como a do seu marido, adquiriu uma identidade própria, muito diferente daquela que acabou por se colar à produção deste. Se Almada acabou por ser o artista por excelência do regime, assinando as grandes obras de arte pública e de decoração dos edifícios que transformaram a fisionomia da capital entre os anos 1945 e 1970 do século XX — ou seja, desde as gares marítimas até à sede da Gulbenkian —, Sarah Affonso desenvolveu uma pintura moderna, é certo, mas colada a uma imagem de felicidade idílica que adoptara do artesanato português minhoto — até deixar de pintar, por volta de 1940.
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Sarah Affonso possui, em Portugal, uma imagem ambígua. Por um lado, foi casada com Almada Negreiros, pintor que a historiografia da arte da segunda metade do século XX considerou como um dos maiores de todo esse século. Mas, por outro, foi também ela artista, e desenvolveu uma obra que, embora ancorada no desenho como a do seu marido, adquiriu uma identidade própria, muito diferente daquela que acabou por se colar à produção deste. Se Almada acabou por ser o artista por excelência do regime, assinando as grandes obras de arte pública e de decoração dos edifícios que transformaram a fisionomia da capital entre os anos 1945 e 1970 do século XX — ou seja, desde as gares marítimas até à sede da Gulbenkian —, Sarah Affonso desenvolveu uma pintura moderna, é certo, mas colada a uma imagem de felicidade idílica que adoptara do artesanato português minhoto — até deixar de pintar, por volta de 1940.