Doyen investigada em Espanha por suspeitas de fuga ao fisco
Justiça espanhola suspeita que fundo de investimento e outros intermediários não tenham declarado rendimentos provenientes de direitos económicos e empréstimos. Football Leaks poderá ter sido rastilho da investigação.
A Doyen está a ser investigada em Espanha por suspeitas de fuga ao fisco. O administrador do fundo de investimento, Nélio Freire Lucas, dois empresários — os ex-futebolistas do Atlético de Madrid Juanma López e Mariano Aguilar — e dois outros intermediários são suspeitos de não terem declarado cinco milhões de euros ao fisco espanhol.
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A Doyen está a ser investigada em Espanha por suspeitas de fuga ao fisco. O administrador do fundo de investimento, Nélio Freire Lucas, dois empresários — os ex-futebolistas do Atlético de Madrid Juanma López e Mariano Aguilar — e dois outros intermediários são suspeitos de não terem declarado cinco milhões de euros ao fisco espanhol.
José de la Mata, presidente da Audiência Nacional, instância que julga crimes violentos e de alta complexidade, decidiu iniciar diligências após uma queixa do Gabinete de Anticorrupção, que apontava para vários rendimentos provenientes de compra de direitos económicos de jogadores e empréstimos que não tinham sido devidamente declarados e tributados.
O magistrado que preside à Audiência Nacional coordenou uma operação policial que requisitou informação a vários clubes e organizações que, em todo o caso, não estão a ser investigados na operação que foi baptizada com o nome “Dean”.
Atlético de Madrid, Sevilha, Getafe, Valência, Cádiz, Sporting de Gijón, Granada e Elche são os clubes visados pela investigação que também recolheu documentos da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e da Liga Profissional de Futebol (LFP).
No auto a que o jornal Marca teve acesso, o magistrado conclui que Nélio Freire Lucas “usou uma estrutura complexa para esconder que a efectiva gestão do fundo de investimento Doyen era realizada a partir de Espanha e não de Malta, como procurava dar a entender”. O administrador da Doyen é suspeito de fuga ao fisco, enquanto os dois ex-jogadores, para além desse crime, são investigados por suspeitas de branqueamento de capitais. De La Mata acusa os antigos futebolistas de funcionarem como elo de ligação entre o fundo de investimento e o mercado espanhol, garantindo que estes negociaram directamente em nome da Doyen alguns dos maiores contratos, embolsando avultadas quantias de dinheiro.
Football Leaks poderá ter espoletado investigação
O jornal espanhol El Mundo avança que os documentos partilhados pela plataforma Football Leaks relativos às operações financeiras da Doyen estiveram na base desta investigação.
Contactado pelo PÚBLICO, o advogado de Rui Pinto, Francisco Teixeira da Mota, nega ter qualquer conhecimento de uma colaboração directa entre o seu cliente e as autoridades espanholas, confirmando, porém, a origem que iniciaram estas suspeitas que agora estão a ser investigadas: “Foi com base nas revelações feitas pelo Football Leaks, mas não tenho conhecimento de que o Rui Pinto tenha tido contacto com as autoridades espanholas”.
O hacker é suspeito de estar envolvido numa tentativa de extorsão ocorrida em Outubro de 2015, de que foi vítima o fundo de investimento Doyen Investment Sports, sediado em Malta, que financia passes de jogadores e treinadores de futebol. No mandado de detenção europeu emitido pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) que culminou na detenção de Rui Pinto na Hungria, o homem natural de Vila Nova de Gaia é suspeito de ter acedido ilegalmente aos servidores informáticos do fundo de investimento. Rui Pinto está em prisão preventiva em Portugal desde Março, com o Ministério Público português a pedir à Hungria a extensão do mandado de detenção com o objectivo de investigar factos e indícios apurados no decorrer da investigação que não constam no mandado original.