Porto Design Biennale quer assumir responsabilidade de promoção do design português
A PDB vai decorrer de 19 de Setembro a 8 de Dezembro em vários locais no Porto e em Matosinhos.
A edição inaugural da Porto Design Biennale (PDB), que vai decorrer no Porto e em Matosinhos de 19 de Setembro a 8 de Dezembro, nasce da vontade de “assumir uma certa responsabilidade” de promover os designers nacionais.
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A edição inaugural da Porto Design Biennale (PDB), que vai decorrer no Porto e em Matosinhos de 19 de Setembro a 8 de Dezembro, nasce da vontade de “assumir uma certa responsabilidade” de promover os designers nacionais.
Segundo o curador geral do evento, José Bártolo, a primeira edição do evento promovido pelas autarquias de Porto e Matosinhos poderá ocupar um espaço vazio no panorama nacional e afirmar-se “como um evento de design de grande dimensão e projecção internacional neste território”, explicou à Lusa.
“Fizemo-lo com a consciência do momento, e de como este momento nos circunscreve no panorama nacional, com a consciência de que não existe já um Centro Português de Design, a ExperimentaDesign teve o seu percurso em Lisboa e foi descontinuada enquanto bienal, por isso há também aqui uma vontade de assumir uma certa responsabilidade, que a Porto Design Biennale possa promover o design e os designers portugueses”, acrescentou.
Anunciada em Setembro de 2018, a Biennale terá como tema “Post Millennium Tension” ("Tensões Pós-Milénio”, em tradução livre), para poder “propor uma reflexão sobre transformações emergentes que marcam o novo milénio e o lugar do design perante um quadro de mudança”.
Ao todo, e só no que toca a artistas cujas obras serão expostas, são “cerca de 200 os participantes”, com um equilíbrio entre nomes nacionais e internacionais, que “poderão ser um bocadinho em maior número”, em função do país convidado (Itália), outras mostras e as conferências, predominantemente com estrangeiros.
Por outro lado, as exposições “centradas no design português, como a Portugal Industrial, a Força da Forma ou Que Força é Essa” reforçam a presença portuguesa.
Esta última, a partir do arquivo Ephemera, tem o subtítulo de “Imagens de Protesto e Participação Democrática em Portugal”, um exemplo da variedade das propostas apresentadas por um total de 22 curadores, com temas que vão da política à estética, do futuro à interrogação do presente para a geração millennial ou ao país convidado.
Maria Milano é a comissária da programação “vasta” ligada a artistas italianos, com três exposições, Território Itália, sobre os valores emergentes que questionam o panorama sociopolítico daquele país, Os Maestros Italianos, com meia centena de objectos do Museu La Triennale di Milano, e uma mostra evocativa do trabalho de Riccardo Dalisi ao longo de várias décadas na cidade de Nápoles.
Para a primeira iteração da bienal, há “uma preocupação” também com o público e a nova geração em torno da cultura do design, que atravessa a programação e o próprio serviço educativo.
“Há uma preocupação em formar públicos para o design e em formar, de algum modo, agentes mais activos ligados a esta cultura. Por isso é que temos uma série de oficinas que são destinadas a jovens curadores de design. Embora os resultados sejam apresentados já nesta edição, a intenção é que futuros curadores da PDB possam ter um primeiro contacto connosco, e um momento da sua formação ou crescimento neste Young Curators Lab”, considerou José Bártolo.
Para a “programação satélite”, que tinha aberta uma oferta para propostas, chegaram “86 candidaturas, de várias origens, e foram seleccionados 10 projectos”.
Pelo caminho ficou a intenção de atribuir um Prémio Nacional de Design, uma ideia que “não avançou” depois de os contactos externos à organização não terem levado a bom porto.
A bienal tem “a vontade de posicionar o design no campo da cultura” e trabalhar ligações com outras práticas artísticas, mas também uma aproximação “à academia e à indústria”, como na exposição “Portugal Industrial”.
Com instalações interactivas, performances, concertos, debates, conferências e simpósios, a programação desdobra-se ao longo de três meses, tendo como eixo perto de 20 “momentos mais consolidados”, como âncoras do resto do quadro, e cada mostra terá “dois eventos paralelos por semana”.
Além da sede na Rua Brito Capelo, em Matosinhos, a Porto Design Biennale tem duas lojas, uma em Matosinhos, na Real Vinícola, e outra no Porto, no Palacete Viscondes Balsemão, que funcionam “há largos meses” e vão funcionando “como posto de informação e encaminhamento”, podendo “vir a ser ativados por algumas propostas” mais tarde.
A PDB vai decorrer de 19 de Setembro a 8 de Dezembro em vários locais no Porto e em Matosinhos, da Casa da Arquitectura à Galeria Municipal do Porto, do Teatro Rivoli à Casa do Design.