Aprovada versão final da revisão do Estatuto do Bolseiro de Investigação

Bolsas de pós-doutoramento vêem a sua duração máxima reduzida de seis para três anos.

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Nuno Ferreira Santos

A versão final da revisão do Estatuto do Bolseiro de Investigação foi aprovada esta quinta-feira em Conselho de Ministros, que determina que os investigadores doutorados passam a ter como vínculo preferencial o contrato de trabalho e não a bolsa.

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A versão final da revisão do Estatuto do Bolseiro de Investigação foi aprovada esta quinta-feira em Conselho de Ministros, que determina que os investigadores doutorados passam a ter como vínculo preferencial o contrato de trabalho e não a bolsa.

De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, o Estatuto do Bolseiro de Investigação “passa agora a estar adaptado à realidade criada pelo Programa de Estímulo ao Emprego Científico, em curso desde 2017, reforçando o contrato de trabalho como regime regra para a constituição de vínculos com investigadores doutorados”. “Esta alteração vem reforçar o combate à precariedade no trabalho científico, aprofundando a articulação entre ciência e ensino superior e alterando as condições para a atribuição de bolsas de pós-doutoramento”, acrescenta-se.

O diploma foi agora aprovado na sua versão final, depois de terminado um período de consultas. Em Fevereiro, o Governo tinha já aprovado em Conselho de Ministros o diploma, estabelecendo novas condições para atribuição de bolsas de pós-doutoramento e reduzindo a sua duração máxima de seis para três anos.

“Não era isto que estávamos à espera”, reagiu, na altura, à agência Lusa então presidente da Associação de Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), Sandra Pereira, sustentando que as instituições científicas vão continuar a recorrer a bolseiros de pós-doutoramento para assegurarem projectos de investigação, um recurso que, assinalou, “é mais barato” do que um contrato de trabalho. “Cada bolsa termina ao fim de três anos, mas depois [as instituições] contratam um novo bolseiro por mais três anos.”

Segundo a dirigente da ABIC, o estatuto do bolseiro deveria ser revisto apenas no pressuposto de que a tipologia de bolsas seria limitada e destinada a obtenção de um grau académico, como o doutoramento, “para não deixar aberta a porta à contratação de bolseiros” para exercerem trabalho científico efectivo.

Para acautelar estas situações, a ABIC tem defendido a revogação, e não apenas a revisão, do estatuto do bolseiro e a valorização da carreira científica, com vínculos de trabalho permanentes, como medidas de combate à precariedade laboral dos cientistas.

No final de Outubro do ano passado, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, adiantava à Lusa que o estatuto iria ser revisto. Na altura, Manuel Heitor dizia que a revisão pretendia acabar com as “falsas bolsas” e o uso abusivo de bolseiros no trabalho científico, restringindo as bolsas à formação de cientistas para obtenção de um grau académico (licenciatura, mestrado ou doutoramento), acrescentando que, nos restantes casos, para quem faz investigação teria de haver um contrato de trabalho.