“El Chapo” condenado a prisão perpétua mais 30 anos

O narcotraficante mexicano que os EUA consideraram “o maior criminoso do século XXI” recebeu uma pena pesada em Nova Iorque e deverá cumprir a sentença numa prisão de máxima segurança no Colorado.

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El Chapo escoltado por soldados MARIO GUZMAN/EPA/ARQUIVO

Joaquín Guzmán Loera, o narcotraficante mexicano que se celebrizou como “El Chapo”, foi condenado a prisão perpétua e mais 30 anos, esta quarta-feira, em Nova Iorque. Terá ainda de pagar indemnizações no valor de 12,6 mil milhões de dólares (cerca de 11,2 mil milhões de euros). 

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Joaquín Guzmán Loera, o narcotraficante mexicano que se celebrizou como “El Chapo”, foi condenado a prisão perpétua e mais 30 anos, esta quarta-feira, em Nova Iorque. Terá ainda de pagar indemnizações no valor de 12,6 mil milhões de dólares (cerca de 11,2 mil milhões de euros). 

O ex-chefe do cartel de Sinaloa foi descrito pela acusação como “o maior criminoso do século XXI”. “El Chapo”, transportou droga em submarinos, evadiu-se duas vezes de prisões de alta segurança no México, matou e torturou, corrompeu polícias e políticos. Não olhou a meios para atingir os seus objectivos. Em Novembro de 2018, começou finalmente a ser julgado nos Estados Unidos.

Em Fevereiro, Guzman foi declarado culpado de todos os dez crimes de que estava acusado. Os 12 jurados do Tribunal Federal de Brooklyn, em Nova Iorque, consideraram-no culpado dos crimes de tráfico de droga, branqueamento de capitais, posse de arma ilegal e participação criminal no cartel de Sinaloa, entre outros. Testemunhas ouvidas acusaram-no também de ter matado várias pessoas.

Detido pela primeira vez em 1993, “El Chapo” tem um extenso historial de criminalidade. Esteve preso durante oito anos, até que fugiu da prisão no México pela primeira vez. Depois disso, seguiu-se a liderança da maior rede criminosa do seu país, o infame cartel de Sinaloa.

Depois de mais de uma década a monte, foi capturado em 2014. Um ano depois, para humilhação do Governo mexicano, evadiu-se da sua cela uma segunda vez, através de um túnel de um quilómetro e meio. Foi recapturado seis meses depois, em 2015, e extraditado para os Estados Unidos em 2017. 

As autoridades norte-americanas não revelaram onde irá cumprir a pena, mas a Reuters diz que é provável que seja enviado para  Penitenciária de Segurança Máxima em Florence, no Colorodo, mais conhecida como ADX Florence, a prisão mais segura dos EUA. Desde 1994, quanfo foi inaugurada, que ninguém consegue fugir de lá, e é longa a lista de criminosos famosos que para lá foram enviados.

Chamam-lhe Alcatraz das Montanhas Rochosas. Entre os 376 prisioneiros estão nomes conhecidos como o bombista “Unabomber” Ted Kaczynski, o co-conspirador do 11 de Setembro Zacarias Moussaoui, o autor do atentado à bomba contra o edifício federal de Oklahoma City de 1975, o “bombista do sapato" Richard Reid, Dzhokhar Tsarnaev, um dos irmãos que atacou a Maratona de Boston em 2013 e Ramzi Yousef, do atentado contra o edifício do World Trade Center em 1993.

Os presos ficam confinados às celas durante 23 horas por dia, em regime de solitária. As celas têm uma estreita janela, de 107 centímetros de altura e viradas para cima, para que só o céu seja vísível, descreve a Reuters. Podem ver televisão nas celas, têm acesso a serviços religiosos e programas educativos. 

No estado de Sinaloa, no entanto, há quem veja ainda “El Chapo” como uma espécie de Robin Hood e ainda expresse admiração pelo traficante, apesar da sua prisão. O narcotraficante passou de ser um rapaz humilde a um dos homens mais ricos e temidos do mundo.

Os investigadores norte-americanos descrevem “El Chapo” como um homem agressivo e impiedoso. Na acusação, lia-se que “El Chapo”​ e o cartel de Sinaloa “tinham um verdadeiro exército, pronto para a guerra com os rivais e com quem Guzmán considerasse traidor”. “Guzmán empregava sicários, ou assassinos, que levaram a cabo milhares de actos de violência, incluindo mortes, assaltos, raptos, tortura e assassínios para promover e reforçar o seu prestígio, reputação e posição”, detalha ainda o documento.