Estado avança com acção contra moradores do prédio Coutinho após as férias judiciais
A demolição está prevista desde 2000, mas ainda não foi concretizada porque os moradores interpuseram uma série de acções em tribunal para travar a operação.
O ministro do Ambiente anunciou esta quarta-feira que a acção contra os últimos moradores no prédio Coutinho, em Viana do Castelo, pelos custos causados ao Estado com o adiar da desconstrução do edifício, será apresentada no fim das férias judiciais.
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O ministro do Ambiente anunciou esta quarta-feira que a acção contra os últimos moradores no prédio Coutinho, em Viana do Castelo, pelos custos causados ao Estado com o adiar da desconstrução do edifício, será apresentada no fim das férias judiciais.
“O processo vai ser entregue no fim das férias judiciais, não faz sentido estar a entregá-lo agora, mas, de facto, já há muitos anos que a empresa existe porque tem havido uma prolação do prazo por sucessivas acções judiciais, todas elas perdidas contra a própria empresa VianaPolis”, afirmou João Pedro Matos Fernandes.
Ainda de acordo com o ministro do Ambiente, que falava aos jornalistas à margem da inauguração da obra do interceptor de Rio Tinto, concelho de Gondomar, a sociedade VianaPolis “custa cerca de 30 mil euros por mês”.
“Aquilo que nós sentimos é que, desde Outubro de 2016 até agora, a empresa não faz sentido de existir, por isso mesmo essa acção vai ser colocada no fim das férias judiciais”, para responsabilizar quem obrigou ao prolongamento da existência da sociedade VianaPolis, frisou.
A sociedade VianaPolis é detida em 60% pelo Estado e em 40% pela Câmara de Viana do Castelo.
A 5 de Julho, Matos Fernandes disse que os últimos moradores no prédio Coutinho vão ser processados pelos custos causados ao Estado com o adiar da desconstrução do edifício.
“Estamos a fazer a conta de quanto é que está a custar à sociedade VianaPolis desde Outubro de 2016. Não poderemos deixar de interpor uma acção judicial para sermos ressarcidos do custo que estamos a ter com a manutenção da sociedade VianaPolis”, afirmou então o ministro.
No edifício Jardim, localmente conhecido por prédio Coutinho, restam agora nove moradores, cujo despejo esteve previsto para dia 24 de junho, na sequência de uma decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Braga (TAFB) que declarou improcedente a providência cautelar movida em março de 2018.
No entanto, os moradores recusaram sair. A VianaPolis determinou que quem saísse do prédio não era autorizado a regressar, cortou a electricidade, o gás e a água de todas as fracções do prédio, impediu a entrada de outras pessoas e bens e avançou com a “desconstrução” do edifício.
No início de Julho, o Tribunal Administrativo e Fiscal (TAF) de Braga aceitou a providência cautelar movida pelos últimos moradores do prédio, ficando assim suspensos os despejos.
Os serviços de água, luz e gás foram sendo restabelecidos progressivamente.
O prédio Coutinho é um edifício de 13 andares situado no centro histórico de Viana do Castelo que o Programa Polis quer demolir, considerando que choca com a linha urbanística da zona.
A demolição está prevista desde 2000, mas ainda não foi concretizada porque os moradores interpuseram uma série de acções em tribunal para travar a operação.
Para aquele local está prevista a construção do novo mercado municipal da cidade.
No prédio, construído na década de 70, chegaram a viver nas 105 fracções, cerca de 300 pessoas, restando agora nove pessoas.