Pela primeira vez, há três realizadores portugueses na competição principal de Locarno
Pedro Costa, João Nicolau e Basil da Cunha entre as escolhas do importante festival de cinema.
Por ordem alfabética: Basil da Cunha, Diana Vidrescu, João Nicolau, José Filipe Costa, Maya Kosa e Sérgio da Costa e Pedro Costa. Não é a maior presença portuguesa de sempre no Festival de Locarno – que continua a ser os 14 títulos apresentados em 2016, ano em que João Pedro Rodrigues venceu melhor realização por O Ornitólogo. Mas é a mais forte – são, ao todo, seis filmes dos quais cinco nas três competições principais. E nada menos do que três longas-metragens de realizadores nacionais no Concurso Internacional, a mais prestigiada secção do festival, que decorre este ano de 7 a 17 de Agosto.
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Por ordem alfabética: Basil da Cunha, Diana Vidrescu, João Nicolau, José Filipe Costa, Maya Kosa e Sérgio da Costa e Pedro Costa. Não é a maior presença portuguesa de sempre no Festival de Locarno – que continua a ser os 14 títulos apresentados em 2016, ano em que João Pedro Rodrigues venceu melhor realização por O Ornitólogo. Mas é a mais forte – são, ao todo, seis filmes dos quais cinco nas três competições principais. E nada menos do que três longas-metragens de realizadores nacionais no Concurso Internacional, a mais prestigiada secção do festival, que decorre este ano de 7 a 17 de Agosto.
À cabeça, claro, está Pedro Costa, que regressa a Locarno depois de ter recebido Melhor Realizador em 2014 pela longa anterior, Cavalo Dinheiro. Vitalina Varela (produção OPTEC), o filme que tem vindo a preparar desde então (e sobre, como é habitual no cineasta, pouco ou nada se sabe), terá estreia mundial em Locarno, destacando-se desde já como o “veterano” de entre os 17 títulos escalados para a competição. Sem desprimor para João Nicolau e Basil da Cunha, que apresentam, respectivamente, a terceira e segunda longas.
Technoboss (produção O Som e a Fúria), o sucessor de A Espada e a Rosa e John From, vê Nicolau ascender pela primeira vez à competição nacional de um festival de classe A, com uma ficção à volta de um sexagenário (interpretado por Miguel Lobo Antunes) à espera da reforma. O Fim do Mundo, a segunda longa do luso-suíço Basil da Cunha depois de Até Ver a Luz, é de novo uma ficção ancorada nos subúrbios lisboetas; apesar do tema e do realizador, contudo, O Fim do Mundo é uma produção suíça (Thera Film), sendo curiosamente a única longa-metragem “da casa” no concurso principal de Locarno.
É também sob a bandeira da Suíça que a dupla luso-suíça formada por Maya Kosa e Sérgio da Costa concorre na competição de primeiros e segundos filmes Cineastas do Presente. Depois de Rio Corgo, que venceu em 2015 a competição nacional do Doclisboa, a dupla apresenta a sua segunda longa L’île aux oiseaux , também ele uma produção suíça (Close Up Films).
A secção de curtas-metragens Pardi di Domani, onde a presença portuguesa costuma ser bastante forte, recebe este ano apenas um título nacional – Vulcão: O Que Sonha um Lago? da cineasta e artista multidisciplinar romena Diana Vidrascu, produzida no âmbito de uma residência artística no festival Walk&Talk Azores. Finalmente, fora de concurso, o investigador e documentarista José Filipe Costa, autor de Linha Vermelha (vencedor do concurso nacional do IndieLisboa em 2011), apresentará Prazer, Camaradas! (produção Uma Pedra no Sapato), sobre os estrangeiros que vieram a Portugal viver o 25 de Abril.
A 72.ª edição de Locarno marca a estreia de uma nova directora artística, a francesa Lili Hinstin, anterior directora do festival francês Entrevues Belfort, mas a “linha editorial” do festival, especialmente atento às cinematografias mais minoritárias e aos novos talentos sem deixar de se mostrar aberto ao cinema mais popular, mantém-se. A prová-lo, a exibição na Piazza Grande, a enorme sala ao ar livre montada no centro de Locarno, de Era uma Vez… em Hollywood de Quentin Tarantino, e do documentário de Asif Kapadia (já autor de filmes sobre Ayrton Senna e Amy Winehouse) sobre Diego Maradona.
A prová-lo também, o facto de 15 dos 17 filmes a concurso na selecção principal serem estreias mundiais. A par de Costa, Cunha e Nicolau, a competição consiste de A Febre da brasileira Maya Da-Rin, Echo do islandês Rúnar Rúnarsson, Cat in the Wall da dupla búlgara Mina Mileva e Vesela Kazakova, Das freiwillige Jahr da dupla alemã Ulrich Köhler/Henner Winckler, Douze mille da francesa Nadège Trebal, During Revolution da síria Maya Khoury (integrante do colectivo activista Abounaddara), The Science of Fictions do indonésio Yosep Anggi Noen, Hogar da italiana Maura Delpero, Les Enfants d’Isadora do francês Damien Manivel, Longa Noite do galego Eloy Enciso, Height of the Wave do coreano Park Jung-bum, Terminal Sud do franco-argelino Rabat Ameur-Zaïmeche, The Last Black Man in San Francisco do americano Joe Talbot, e A Girl Missing do japonês Koji Fukada. O júri será presidido pela cineasta francesa Catherine Breillat. A abertura do festival far-se-á, este ano, com Magari, estreia na realização da produtora italiana Ginevra Elkann, e o encerramento com To the Ends of the Earth do japonês Kiyoshi Kurosawa.
Locarno irá também atribuir prémios honorários à actriz Hilary Swank (Prémio Leopard Club), ao realizador americano John Waters (Leopardo de Honra), ao realizador suíço Fredi M. Murer (Leopardo de Carreira) e ao actor coreano Song Kang-Ho (Prémio de Excelência). A retrospectiva do festival, sob o genérico Black Light, debruça-se sobre o cinema negro ao longo dos últimos cem anos, num olhar sobre a representação dos negros no cinema mundial e sobre a produção de cineastas negros como Ousmane Sembène, Julie Dash ou Med Hondo.