Guilherme de Figueiredo: o candidato natural
As ambições são legítimas e todos têm o direito de se candidatar. Mas quando está a ser feito um trabalho sério, honesto e eficaz, justifica-se a pergunta: para quê interromper este ciclo, impedindo a continuação da obra e a sua conclusão no próximo mandato?
Nas autarquias, municípios e freguesias, prevalece hoje uma regra, seguida por todos os partidos políticos: um presidente de câmara ou presidente de junta de freguesia só não se recandidata para as eleições e para um novo mandato se ocorrer uma das três seguintes situações – não o desejar, não o poder fazer por ter atingido o limite de mandatos (três) ou, então, ter cometido erros notórios que demonstrem a sua incapacidade para o trabalho. Fora de tais hipóteses, o presidente é o candidato, pois já tem experiência, é justo concluir o seu trabalho, que não se esgotou em quatro anos e, finalmente, com a sua candidatura evita-se a refrega interna que resulta da escolha de um candidato, quando já existe alguém capaz de exercer o cargo.
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Nas autarquias, municípios e freguesias, prevalece hoje uma regra, seguida por todos os partidos políticos: um presidente de câmara ou presidente de junta de freguesia só não se recandidata para as eleições e para um novo mandato se ocorrer uma das três seguintes situações – não o desejar, não o poder fazer por ter atingido o limite de mandatos (três) ou, então, ter cometido erros notórios que demonstrem a sua incapacidade para o trabalho. Fora de tais hipóteses, o presidente é o candidato, pois já tem experiência, é justo concluir o seu trabalho, que não se esgotou em quatro anos e, finalmente, com a sua candidatura evita-se a refrega interna que resulta da escolha de um candidato, quando já existe alguém capaz de exercer o cargo.
Caso fosse adotado o mesmo critério, o nosso bastonário, Guilherme de Figueiredo, teria garantida a passagem para um novo mandato. Longe de ter cometido “erros notários”, teve uma atuação muito eficaz e meritória ao longo do mandado, conferindo prestígio à Ordem dos Advogados. Arrumou a casa, fez ouvir a ordem e uniu a classe.
Contrariamente aos seus antecessores, não buscou o confronto estéril, optando por trilhar um caminho seguro, autónomo.
Em termos de organização interna, exerceu uma gestão séria, adequada aos tempos modernos. Por exemplo, o Boletim da Ordem dos Advogados está hoje disponível na sua edição electrónica, poupando aos cofres da ordem muitos milhares de euros. Acompanhou o trabalho dos conselhos regionais e das delegações, promoveu a participação dos advogados na vida interna da Ordem dos Advogados. É um homem de invulgar cultura, não apenas jurídica como geral.
É, assim, o candidato natural.
Pergunta-se: sendo assim, por que razão surgiram outros candidatos, com algum peso? A resposta é simples. Um dos candidatos, que apoiou anteriores bastonários e exerce um importante cargo no conselho superior, encarna, de certo modo, a linha da anterior bastonária, derrotada por Guilherme de Figueiredo, pretendendo retornar ao passado. Ela bem disse: “Vou andar por aí!”. Quanto ao segundo, deixou-se imbuir pela ambição que se apodera amiúde dos presidentes do Conselho Regional de Lisboa, que pensam: “Já que estou aqui, porque não ser bastonário a seguir?” É uma atitude semelhante à dos presidentes de junta de freguesia nas localidades-sede dos municípios.
As ambições são legítimas e todos têm o direito de se candidatar. Mas quando está a ser feito um trabalho sério, honesto e eficaz, justifica-se a pergunta: para quê interromper este ciclo, impedindo a continuação da obra e a sua conclusão no próximo mandato?
O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico