Primeiras startups portuguesas na Web Summit angariaram 60 milhões até agora
Estreantes lusos participaram em 41 rondas de financiamento desde 2016. Números fazem alguma luz sobre atractividade das empresas que passam pela feira.
As startups portuguesas que participaram na primeira edição da Web Summit em Lisboa, em 2016, arrecadaram até agora quase 60 milhões de euros em financiamento, após 41 rondas de investimento. Os dados são da empresa criada por Paddy Cosgrave e que organiza aquela feira tecnológica todos os anos em Portugal, a Connected Intelligence Limited (CIL).
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As startups portuguesas que participaram na primeira edição da Web Summit em Lisboa, em 2016, arrecadaram até agora quase 60 milhões de euros em financiamento, após 41 rondas de investimento. Os dados são da empresa criada por Paddy Cosgrave e que organiza aquela feira tecnológica todos os anos em Portugal, a Connected Intelligence Limited (CIL).
Em termos mais globais, o universo de startups que passaram pela Web Summit, em Portugal, ou por qualquer outro dos eventos que a empresa de Paddy Cosgrave organiza, garantiram mil milhões de dólares (882,7 milhões de euros) em financiamento, em apenas três meses, como o PÚBLICO havia noticiado em Março. Em 2018, essa fasquia tinha sido atingida em nove meses. Agora, foi tudo muito mais rápido.
O Ministério da Economia estimou que a edição 2017 da Web Summit trouxe à economia do país um valor acrescentado que poderá ter alcançado os 124 milhões de euros. A conclusão faz parte de uma análise que tem em conta os gastos dos cerca de 70 mil participantes e da própria organização do evento. Mas não contempla factores como o impacto nas startups, numa demonstração de que avaliar o evento com que Portugal se comprometeu durante dez anos é um exercício com várias incógnitas.
A quatro meses da edição de 2019, entre 4 e 7 de Novembro no Parque das Nações, a organização diz que “existem casos de startups que levantaram montantes substanciais de investimento”, depois de terem estabelecido contactos naquela conferência ou mesmo em negócios feitos durante o evento. “As empresas portuguesas que estiveram na primeira edição da Web Summit em Lisboa, em 2016, passaram por 41 rondas de investimento, tendo conseguido angariar mais de 67 milhões de dólares [quase 60 milhões de euros] em financiamento”, lê-se numa resposta enviada à Lusa. Para a organização, esta é “uma prova do potencial de negócios do evento e da contribuição para a economia portuguesa”.
A Web Summit chegou a Lisboa em 2016. Em 2018, teve mais de 70 mil participantes de mais de 170 países, cerca de 2600 jornalistas de todo o mundo e duas mil startups. Para este ano, foram já confirmadas nomes de 300 oradores, alguns repetentes, entre os quais os dos empresários Gillian Tans (Booking), Brad Smith (Microsoft), Devin Wenig (eBay), Randy Freer (Hulu) e Phil Spencer (Xbox). Outra das novidades é a abordagem de novos temas, como o jogo electrónico (gaming) e os serviços que disponibilizam vídeo em tempo real (streaming).
Dois dos palcos, dedicados à área das finanças (MoneyConf) e do investimento (Venture), também serão alargados. A organização vai, ainda, promover um “evento secreto” dirigido a 500 startups prometedoras.
Os escritórios da Web Summit em Lisboa contam, actualmente, com dez pessoas (cinco portugueses e cinco estrangeiros), estando prevista a contratação de 16 novos trabalhadores. Além de Lisboa, existem escritórios em Toronto (Canadá) e em Hong Kong (China) – onde a mesma empresa organiza conferências semelhantes à Web Summit, chamadas Collision e Rise. A sede da empresa continua a ser Dublin (Irlanda).
Em Outubro de 2018, foi anunciado que a feira continuará em Lisboa por mais dez anos, mediante contrapartidas anuais de 11 milhões de euros e a expansão da FIL. Por causa disso, este espaço deverá duplicar de tamanho.
Apesar do crescimento, o evento tem sido, também, pautado por polémicas, como dificuldades nos acessos – rodoviários e transportes públicos – e problemas na entrada do evento (em 2016), a escolha do Panteão Nacional para um jantar exclusivo da Web Summit (em 2017), o controverso convite feito à líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, que foi depois retirado (em 2018) e ainda queixas de jornalistas no acesso à informação.
Outro ponto que levantou celeuma é o secretismo que rodeia os contratos com a CIL em Portugal para manter a Web Summit em Lisboa.