Surdos já podem chamar o 112 sem pedir ajuda a ninguém
Funcionalidade com videochamada e intérpretes de língua gestual foi prometida no final de 2016, mas só agora ficou disponível.
Entra em funcionamento esta segunda-feira, embora com dois anos de atraso em relação ao anunciado, uma aplicação que vai permitir aos cidadãos surdos chamarem sozinhos o 112 em caso de emergência a qualquer hora do dia ou da noite. Trata-se de uma funcionalidade gratuita que inclui videochamadas e mensagens escritas de telemóvel, mas que por enquanto ainda só fica disponível para o sistema Android. Aos iPhones chegará mais tarde.
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Entra em funcionamento esta segunda-feira, embora com dois anos de atraso em relação ao anunciado, uma aplicação que vai permitir aos cidadãos surdos chamarem sozinhos o 112 em caso de emergência a qualquer hora do dia ou da noite. Trata-se de uma funcionalidade gratuita que inclui videochamadas e mensagens escritas de telemóvel, mas que por enquanto ainda só fica disponível para o sistema Android. Aos iPhones chegará mais tarde.
Foi em Novembro de 2016 que a secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Ana Sofia Antunes, anunciou que a comunidade surda ia em breve passar a poder contar com um atendimento próprio nos serviços de emergência. Mas este serviço não arrancou sequer no final de 2017, como previa a governante que pudesse acontecer, depois de falhar o calendário inicial. A secretária de Estado explica quais foram as dificuldades: “Não foi fácil criar uma aplicação compatível com as plataformas da Protecção Civil”. A contratação de intérpretes de língua gestual para as videochamadas também se revelou um obstáculo difícil de ultrapassar, uma vez que aqueles que existiam, continua Ana Sofia Antunes, se encontravam ocupados.
Já com alguns tradutores-intérpretes finalmente contratados – neste momento são sete –, o serviço está por fim em condições de arrancar em todo o país, incluindo nas regiões autónomas. Nos primeiros seis meses funcionará como um projecto-piloto, susceptível de ser melhorado, consoante as necessidades dos utentes. Até porque ninguém calcula qual o nível da procura que surgirá, num país em que estima existirem pelo menos cerca de 85 mil pessoas surdas.
A primeira coisa a fazer é descarregar a aplicação no site do 112. Uma vez feito o download, um botão redondo no centro do ecrã permite fazer a videochamada, que é atendida nos serviços de emergência por um intérprete de língua gestual. À medida que o utente vai descrevendo a situação, esta vai sendo transmitida em linguagem verbal pelo intérprete a um assistente do Centro de Orientação de Doentes Urgentes, que é quem acciona os meios necessários à resolução do problema. “Trata-se de uma conferência a três”, descreve a governante. O sistema permite a geolocalização de quem está a telefonar.
“Estes novos canais de comunicação com o serviço 112 exigiu não só um significativo esforço ao nível das mudanças tecnológicas implementadas nos centros, mas também ao nível dos recursos humanos envolvidos no processo de atendimento e despacho”, pode ler-se numa nota informativa publicada naquele site. Além de contratar os tradutores-intérpretes, foi preciso treinar as equipas operacionais existentes para estas novas formas de atendimento, por videochamada e SMS, e adaptar próprios os centros operacionais.
No passado, e em parceria com a Federação Portuguesa das Associações de Surdos, a GNR já tinha lançado o smsSegurança, destinado a facilitar a vida a quem não consegue ouvir. Trata-se de um serviço que permite o envio de mensagens escritas em situações de emergência para o número 96 10 10 200 ou para o site desta força de segurança. Quem precisar de recorrer a ele deve escrever na mensagem o seu nome, o local onde se encontra e uma breve descrição da emergência. Entre 2013 e 2018 este serviço recebeu 703 mensagens.