Marcelo faz discurso contra fecho de fronteiras e pede união contra alterações climáticas
O chefe de estado português fez o discurso em inglês para uma plateia de estudantes universitários de várias nacionalidades.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez esta segunda-feira um discurso em inglês contra o fecho de fronteiras e pediu união contra as alterações climáticas, perante uma plateia de estudantes universitários de vários países.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez esta segunda-feira um discurso em inglês contra o fecho de fronteiras e pediu união contra as alterações climáticas, perante uma plateia de estudantes universitários de vários países.
“O mundo pertence-vos. Já não podemos conceber muros. Vocês estão a atravessar fronteiras, nós estamos a atravessar, o conhecimento está a atravessar fronteiras, e também a ciência e a tecnologia”, declarou o chefe de Estado, na sessão de abertura da Academia Europeia de Inovação, no Centro de Congressos do Estoril.
Durante a sua intervenção num auditório cheio de jovens, que o receberam entusiasticamente quando entrou no palco, Marcelo Rebelo de Sousa foi aplaudido quando falou das alterações climáticas como um desafio a enfrentar em conjunto, referindo que ainda há quem as conteste.
“Nós acreditamos que há alterações climáticas. Sei que alguns dos meus amigos, chefes de Estado e primeiros-ministros, ainda duvidam disso”, afirmou, sem nomear ninguém, acrescentando que talvez sejam esses líderes mundiais “sejam muito distraídos”, porque “é só olhar para a realidade”.
O Presidente da República salientou a instabilidade do clima, “as coisas estão a mudar, já não há as estações tradicionais”.
“Esta é uma realidade que temos de enfrentar juntos. Não podemos dizer: é um problema nacional. Há uma fronteira, portanto, a mudança não virá, não irá atravessar a fronteira. Isso não existe. É um outro desafio”, reforçou.
Segundo o chefe de Estado, os desafios a enfrentar pelas novas gerações são “alterações climáticas, revolução digital, disrupção nas estruturas do mercado de trabalho tradicionais, migrações”.
Sobre as migrações, frisou que “estas realidades socio-económicas existem, de facto”, com mais rapidez do que antigamente, e exigem como resposta a criação de “condições para o desenvolvimento sustentado em países que não as têm”.
“E quando uma sociedade está a envelhecer, precisa de introduzir factores de juventude. É impossível para uma sociedade assim dizer: não, não podemos aceitar as migrações. É estúpido. Significa que vamos morrer a fechar fronteiras, reagindo de forma muito xenófoba e hipernacionalista, porque não queremos mudar, com gerações mais jovens, novas ideias”, considerou.
Dirigindo-se alunos, disse-lhes: “Não há inovação sem diálogo, não há inovação sem tolerância, não há inovação sendo-se egocêntrico, não há inovação se não se for humilde o suficiente para aceitar as ideias dos outros. E é difícil, às vezes, em períodos de crise não se ser egoísta, não se querer fechar a fronteira”.
A Academia Europeia de Inovação organiza programas de formação em construção de negócios tecnológicos para estudantes de universidades americanas, asiáticas e europeias. Os jovens presentes nesta sessão estão a participar no nono programa deste género, que vai decorrer em Portugal até meados de Agosto.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou aos alunos que eles fazem parte de “uma minoria” com possibilidade de ter esta formação, à qual “milhões em África, milhões na Ásia, milhares e milhares nas Américas, milhares na Europa” não podem ter acesso.
“Por isso, devem perceber que são privilegiados por estarem onde estão. E aqueles que recebem mais do que os outros têm de dar muito mais aos outros. Quando pensarem em ser competitivos, têm de ser, mas cooperantes, têm de ser”, defendeu.
Na parte inicial do seu discurso, o Presidente da República descreveu Portugal como “um país incrível” e os portugueses como “pioneiros” na expansão marítima que mudou o mundo “na primeira forma de globalização” e que agora continuam “pioneiros”, porque mantêm “a mesma curiosidade”.
“O que muda o mundo é o conhecimento, saber mais e melhor. Essa é a diferença. Há países que são muito pobres, não têm gás, petróleo, nada, são países ricos, porque têm boas universidades, muito boa educação, muito boa ciência e tecnologia. E outros países que tem matérias-primas, mas não tinham educação, cuidados de saúde, um ambiente de inovação, por isso ficam para trás dos outros”, sustentou.