Cristas incentiva sector privado a fazer oposição e a não ter medo do PS

Líder do CDS-PP não se compromete em reverter as 35 horas de trabalho semanal.

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Assunção Cristas foi instada a comentar sobre a "falta de liderança da direita" daniel rocha

A líder do CDS-PP pede ao sector privado que se envolva mais na oposição ao Governo do PS e justificou que isso não tenha acontecido com a famosa frase do universo socialista “quem se mete com o PS leva”. Num almoço promovido pela Câmara e Comércio e Indústria Portuguesa, Assunção Cristas deixa em aberto a possibilidade de manter as 35 horas de trabalho semanal.

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A líder do CDS-PP pede ao sector privado que se envolva mais na oposição ao Governo do PS e justificou que isso não tenha acontecido com a famosa frase do universo socialista “quem se mete com o PS leva”. Num almoço promovido pela Câmara e Comércio e Indústria Portuguesa, Assunção Cristas deixa em aberto a possibilidade de manter as 35 horas de trabalho semanal.

Perante uma plateia de empresários e banqueiros – e onde estava Paulo Portas, ex-líder do CDS e vice-presidente da Câmara de Comércio -, Assunção Cristas defendeu a necessidade de o partido ter “mais força” para reforçar a oposição.

“O que senti muitas vezes é que o CDS falava sozinho dentro e fora do Parlamento”, disse, referindo que o sector empresarial tinha medo de se envolver e que lhe foi sendo transmitida a ideia de que “quem se mete com o PS leva”, um receio que foi reforçado pela aliança do PS com o BE e PCP, a fazer lembrar “os tempos do PREC”.

A líder do CDS deu um exemplo: o sector privado “não disse nada” com o fecho de escolas com contrato de associação porque “não lhes tocava”. Nesse sentido, fez um apelo. “Desculpem lançar este desafio: a oposição à esquerda não se pode ficar pelo Parlamento”. A frase levou até o presidente da Câmara de Comércio, Bruno Bobone, que foi fazendo perguntas à líder do CDS, num cenário de entrevista, a salvaguardar que a instituição anfitriã “não tem medo de nada”.

Numa das mesas dos participantes, o antigo presidente da PT Miguel Horta e Costa pediu para que Assunção Cristas comentasse “uma certa falta de liderança da direita”. Assunção Cristas pediu “arrojo para arriscar onde há força [no CDS]”, assumindo que o partido é de “direita, de centro-direita democrático”.

Depois de várias perguntas sobre propostas do CDS em matéria fiscal e sobre salário mínimo, a líder centrista foi questionada sobre se está disponível para reverter as 35 horas de trabalho, mas não se comprometeu com essa medida. Assunção Cristas defende uma reforma da Administração Pública “em que isso pode ser equacionado”. A posição evoluiu face ao que era defendido pelo anterior Governo PSD/CDS, e semelhante à assumida por Rui Rio, na semana passada à TVI, em que não garantiu propor a reposição das 40 horas.

A líder do CDS teve ainda de responder o motivo pelo qual não se aliou ao PSD para concorrerem juntos às legislativas. Assunção Cristas lembrou que desde 2015, com a formação de uma maioria de esquerda de apoio ao Governo PS, o “voto está mais livre” e que o PSD “não está disponível para isso”.

A líder centrista aproveitou para se diferenciar do PSD, que chegou a admitir, num cenário específico, “apoiar” António Costa: “O CDS diz que só se entenderá com o PSD ou com um partido de centro-direita”. Na abertura da conversa, Bruno Bobone fez um retrato dos últimos quatro anos no qual reconheceu como ponto positivo para os empresários a diminuição do desemprego e aumento do consumo, mas alertou para “medidas de risco” como as “cativações, aumento dos impostos e um óbvio programa de estatização da economia”. Os próximos convidados desta iniciativa serão o primeiro-ministro, António Costa, e o líder do PSD, Rui Rio, mas ainda não têm data marcada.