Mike Pence descreve centro de detenção de imigrantes sobrelotado no Texas como “uma situação dura”
Donald Trump enviou o vice-presidente à fronteira com o México para avaliar as condições. As visitas antecipam buscas dos agentes do serviço de imigração dos EUA este fim-de-semana para deportarem os que estão a viver ilegalmente no país.
A controvérsia sobre o estado dos centros de detenção para imigrantes nos EUA intensificou-se depois da visita do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, a dois destes espaços no estado do Texas a semana passada. Com protestos em várias cidades americanas a pedir o encerramento dos centros (com descrições de espaços como “novos campos de concentração” com "condições pavorosas"), Donald Trump enviou o vice-presidente à fronteira com o México para avaliar as condições dos espaços.
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A controvérsia sobre o estado dos centros de detenção para imigrantes nos EUA intensificou-se depois da visita do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, a dois destes espaços no estado do Texas a semana passada. Com protestos em várias cidades americanas a pedir o encerramento dos centros (com descrições de espaços como “novos campos de concentração” com "condições pavorosas"), Donald Trump enviou o vice-presidente à fronteira com o México para avaliar as condições dos espaços.
As visitas antecipam buscas dos agentes do serviço de imigração dos EUA, a partir da madrugada de domingo, para deterem pessoas que já receberam ordem de deportação.
“É uma situação dura”, foi a conclusão de Pence sobre os locais que visitou. “Eu sabia que íamos encontrar um sistema que está sobrelotado.” Ambos os espaços destinam-se a alojar pessoas que fogem ao aumento da violência e pobreza na América Central. O primeiro centro visitado por Pence, em Donna, no Texas, era dedicado a famílias: apesar de as pessoas apenas terem acesso a mantas finas para se agasalharem, as tendas interconectadas estavam equipadas com ar condicionado e algumas televisões para as crianças. A segunda, muito diferente e bem mais lotada, detém perto de 400 homens atrás de cercas de metal por terem tentado atravessar, ilegalmente, a fronteira para os EUA. Alguns ficam lá 72 horas, outros perto de um mês e muitos tinham estado sem tomar banho durante 20 dias.
Para o Presidente Donald Trump, a situação não sai da norma. “Estão sobrelotados porque temos muitas pessoas, mas estão em boa forma”, disse em comunicado.
Vários relatos de jornalistas a acompanhar a visita de Pence refutam a afirmação no que toca ao segundo espaço. “O vice-presidente viu 384 homens a dormir dentro de jaulas, sobre betão, sem almofadas, ou colchões”, lê-se numa publicação do Twitter de Josh Dawsey, o correspondente do Washington Post na Casa Branca. O jornalista acrescenta que no centro de detenção McAllen – em que os detidos ficavam atrás de grades – se notava um “cheiro insuportável”, com os detidos a dizer que só recentemente tinham conseguido tomar duches.
A Agência de Imigração e Alfândegas dos EUA dos EUA nota que os detidos tinham acesso regular a refeições e escovas. Em declarações à Reuters, Michael Banks, o agente responsável pelo centro em McAllen, frisou que os detidos tinham autorização para lavar os dentes uma vez por dia, e tinham direito a desodorizante depois de tomar banho. Banks admitiu, no entanto, que muitos dos detidos tinham estado sem tomar banho entre dez a 20 dias porque os espaços não tinham duches (desde então, foram montadas salas de banho portáteis).
Numa conferência de imprensa após a visita, Pence admitiu que o sistema está “sobrecarregado”, razão pela qual o Congresso tem de intervir. O vice-presidente nota que na primeira instituição que visitou, dedicada a famílias de imigrantes, todas as pessoas com quem falou disseram que eram bem tratadas. Na altura descreveu o espaço como “uma instalação que disponibiliza cuidados de que qualquer norte-americano teria orgulho”.
Com a visita ao segundo posto, porém, o vice-presidente reconheceu que é importante um maior investimento do Departamento de Segurança Interna, incluindo o apoio de um pacote de humanitária de 4,6 mil milhões de dólares que o Congresso norte-americano aprovou recentemente.