Socialistas apelam a Costa para que avoque a lista de deputados de Braga

Líder da distrital do PS é acusado “violar ‘cirurgicamente’ os critérios aprovados pela comissão nacional” do partido. Concelhia de Barcelos vai retirar a confiança política a Joaquim Barreto

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Joaquim Barreto ingorou escolhas de algumas concelhias HUGO DELGADO / PUBLICO

O clima é de grande tensão entre os militantes do PS de Braga e o presidente da distrital, Joaquim Barreto, por causa da lista de deputados. Há concelhias que estão indignadas com as escolhas e já fizeram chegar ao secretário-geral do partido o seu descontentamento na expectativa que António Costa faça alterações à lista ou vá mais longe e avoque o processo.

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O clima é de grande tensão entre os militantes do PS de Braga e o presidente da distrital, Joaquim Barreto, por causa da lista de deputados. Há concelhias que estão indignadas com as escolhas e já fizeram chegar ao secretário-geral do partido o seu descontentamento na expectativa que António Costa faça alterações à lista ou vá mais longe e avoque o processo.

Fontes socialistas declaram ao PÚBLICO que o presidente da distrital “violou os critérios que a direcção impôs aos órgãos do partido” e pedem à direcção nacional para que “avoque a lista de candidatos por Braga, dando-lhe a devida coerência, coesão e representatividade que permitam ao PS obter um resultado condizente com a qualidade da governação liderada pelo camarada António Costa”.

A concelhia do PS de Barcelos, que se sente mal tratada neste processo, vai retirar esta quinta-feira a confiança política a Joaquim Barreto, ratificando uma decisão do secretariado da concelhia. Manuel Mota foi o nome escolhido e votado pela concelhia de Barcelos, tendo recolhido 36 votos, mas a distrital optou por Ana Maria Silva, colocando-a em 5º lugar da lista, apesar de ter menos 25 votos.

“O resultado em Barcelos foi esmagador e a distrital tinha de respeitar a vontade da concelhia e dar a Manuel Mota um lugar elegível”, disse ao PÚBLICO fonte do partido. Presidente da concelhia de Barcelos, Manuel Mota recusou o 15º lugar que a distrital lhe reservou e pediu para abandonar a lista.

Em Vila Verde, a polémica não é menor. José Morais, que preside à concelhia de Vila Verde, foi apoiado pela sua estrutura, que votou o seu nome por unanimidade. O dirigente contou também com o apoio formal da estrutura de Amares mas de nada lhe serviu, tendo sido colocado na 14.ª posição. “É inaceitável o que aconteceu em Vila Verde”, insurge-se o advogado Martinho Gonçalves, que é o líder da bancada do PS na Assembleia Municipal de Vila Verde, numa alusão à escolha de Dora Gaspar, que ocupa o décimo lugar na lista. Vereadora em Vizela, Dora Gaspar é assessora do secretário de Estado da Agricultura e Alimentação.

Num email enviado ao PÚBLICO, Joaquim Barreto, que lidera a lista por Braga, afirma que a apreciação e votação da lista decorre do poder que lhe é conferido pelos estatutos do partido e diz que a consulta à concelhias, JS e Mulheres Socialistas não é vinculativa.

Para a direcção nacional do PS estão a ser encaminhados documentos que reflectem o descontentamento dos militantes. Dirigentes locais do partido garantiram ao PÚBLICO que na reunião da distrital de sexta-feira, Barreto disse que a “lista foi feita com indicações de Lisboa”. A frase terá sido esta: “Falei com a direcção nacional e a lista está de acordo com o que foi falado em Lisboa”. O PÚBLICO confrontou o presidente da distrital com esta situação tendo Joaquim Barreto respondido:"A lista foi feita no cumprimento dos estatutos do partido e dos critérios definidos pela comissão politica nacional do dia 27 de Junho”.

“O presidente da federação de Braga do PS decidiu de forma sectária apresentar uma lista de candidatos a deputados (…) violando ‘cirurgicamente’ os critérios aprovados na comissão nacional da semana passada”, lê-se num documento dirigido a António Costa, que tem como primeiro subscritor o advogado Martinho Gonçalves, que é o líder da bancada socialista na Assembleia Municipal de Vila Verde.

“O presidente da distrital de Braga construiu uma lista de confronto com o poder autárquico, de acordo com as tomadas de posição públicas dos socialistas de Fafe e de Barcelos. Desrespeitou as legítimas escolhas de algumas das estruturas concelhias; não promover a abertura à sociedade civil e violou o princípio da representação territorial”, acrescenta o documento.

O texto detém-se no caso de Barcelos e acusa a distrital de ter uma “atitude antidemocrática e sem precedentes” que “representa um desrespeito intolerável perante a comissão politica do PS de Barcelos” e dá conta dos maus resultados eleitorais do partido nas autárquicas. “O PS tem perdido relevância no distrito de Braga em resultado desta forma de fazer política (...)”, refere o texto, no qual se lê que o “sectarismo do líder distrital fez com que o PS perdesse as câmaras de Amares, Vizela e Terras do Bouro e alimenta permanentemente guerrilhas internas no distrito, colocando o PS na sua mais frágil posição autárquica de sempre”.

Um outro documento assinala que “as escolhas e a respectiva colocação na lista feitas pelo presidente da federação, para além de injustas e discriminatórias, também não cumprem os critérios gerais para a elaboração das listas”. E acrescenta: “Os candidatos que foram escolhidos para ultrapassar o candidato a Vila Verde, José Morais, não Tem o currículo necessário exigível e não têm a necessária representatividade politica bem aceitação pública da sociedade em geral”.