Não sabes em quem votar? Esta app faz match com o partido dos teus sonhos

Chama-se meuParlamento.pt, reúne propostas legislativas feitas em plenário nos últimos dez anos e venceu o prémio Arquivo.pt . O funcionamento é simples: deslizar para a direita para aprovar; para a esquerda para reprovar; para cima para abster. Parece familiar?

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É uma espécie de Tinder — mas, em vez de juntar o par perfeito, indica o partido político que mais se assemelha às escolhas do utilizador. O meuParlamento.pt é uma aplicação que simula o plenário da Assembleia da República e permite que os utilizadores fiquem a conhecer e votem as propostas legislativas apresentadas pelos partidos nos últimos dez anos. E venceu o prémio Arquivo.pt.

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É uma espécie de Tinder — mas, em vez de juntar o par perfeito, indica o partido político que mais se assemelha às escolhas do utilizador. O meuParlamento.pt é uma aplicação que simula o plenário da Assembleia da República e permite que os utilizadores fiquem a conhecer e votem as propostas legislativas apresentadas pelos partidos nos últimos dez anos. E venceu o prémio Arquivo.pt.

Foi durante um almoço que surgiu a ideia de criar a app: Nuno Moniz, Arian Pasquali e Tomás Amaro — os dois primeiros são investigadores ligados ao Inesc Tec (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência) e à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e Tomás é engenheiro de software — discutiam “o problema da memória e de como não nos lembramos sequer daquilo que decidimos no fim-de-semana passado”, muito menos do que os partidos votaram em plenário durante os últimos dez anos. “Pensámos que, com certeza, alguém já se teria lembrado de uma solução deste género. Mas, pelos vistos não”, conta.

Sabiam que as candidaturas para os prémios do Arquivo.pt “estariam abertos dentro de pouco tempo” e para concorrer teriam de criar algo que recorresse a este acervo, que é uma “memória colectiva online” onde estão guardadas páginas web desde os anos 90. Queriam também “aproximar os cidadãos das decisões tomadas no nosso Parlamento”, numa altura em que há “um fosso cada vez maior entre a política e as pessoas”.

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Arian Pasquali, Nuno Moniz e Tomás Amaro DR

Foi assim que nasceu o meuParlamento.pt, a aplicação onde os utilizadores são convidados a responder a dez perguntas sobre como votariam dez propostas legislativas que, no passado, estiveram em cima da mesa. Um deslize para a direita significa um voto a favor; para a esquerda, contra; para cima ou para baixo, abstenção. No final, os utilizadores ficam a saber quais “os partidos que votaram de maneira mais semelhante à sua” e “é possível consultar os autores [da proposta], a proposta completa e as notícias que saíram sobre ela”, explica o investigador e professor da FCUP.

A aplicação é gratuita e já está disponível na App Store e na Google Play. Esta segunda-feira, 8 de Julho, o meuParlamento.pt venceu o prémio Arquivo.pt, no valor de dez mil euros, que serão aplicados nas despesas de manutenção e reinvestidos na própria app, “nomeadamente em design e algumas funcionalidades” que os criadores querem acrescentar.

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“É muito gratificante ver o resultado de todo este trabalho e das noites longas que tivemos a ser distinguido”, refere Nuno Moniz. O investigador acredita que “a ideia pode ter um impacto muito grande” — até porque a 6 de Outubro os portugueses são chamados às urnas e esta aplicação pode ser uma ajuda para os mais indecisos.

O Arquivo.pt distinguiu também Flávio Martins e André Mourão, que criaram a Revisionista.pt, uma ferramenta online para revelar alterações feitas nas notícias portuguesas após a sua publicação. Zélia de Macedo Teixeira alcançou o terceiro lugar com o projecto “Discursos públicos sobre violência em privado”: uma análise de 217 notícias recolhidas no Arquivo.pt dos jornais PÚBLICO, Correio da Manhã e Jornal de Notícias sobre violência doméstica.