Nicki Minaj cancela concerto na Arábia Saudita depois das críticas de activistas dos direitos humanos
Anunciada como cabeça de cartaz do Jeddah World Fest, dia 18 de Julho, a cantora deu conta do cancelamento nesta quarta-feira. “Acredito que é importante deixar claro o meu apoio aos direitos das mulheres, da comunidade LGBTQ e à liberdade de expressão”, escreveu em comunicado
Tudo deveria correr como programado e como já sucedera anteriormente com Mariah Carey ou Nelly. Anunciada a sua presença, a que se seguiram os pedidos de cancelamento por parte de organizações defensoras dos direitos humanos, Nicki Minaj actuaria na Arábia Saudita, enquanto cabeça de cartaz do Jeddah World Fest, marcado para 18 de Julho. Neste caso, porém, a história foi diferente. Nicki Minaj reconsiderou e anunciou nesta quarta-feira o cancelamento do concerto.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Tudo deveria correr como programado e como já sucedera anteriormente com Mariah Carey ou Nelly. Anunciada a sua presença, a que se seguiram os pedidos de cancelamento por parte de organizações defensoras dos direitos humanos, Nicki Minaj actuaria na Arábia Saudita, enquanto cabeça de cartaz do Jeddah World Fest, marcado para 18 de Julho. Neste caso, porém, a história foi diferente. Nicki Minaj reconsiderou e anunciou nesta quarta-feira o cancelamento do concerto.
“Depois de uma reflexão ponderada, decidi não avançar com o meu concerto programado para o Jeddah Music Fest”, anunciou a cantora, uma das maiores estrelas do cenário musical actual. “Ainda que não desejasse nada mais do que levar o meu espectáculo aos fãs da Arábia Saudita, depois de me informar um pouco mais sobre estas questões, acredito que é importante deixar claro o meu apoio aos direitos das mulheres, da comunidade LGBTQ e à liberdade de expressão.” Em 2015, Nicki Minaj foi também alvo de pedidos por parte de activistas dos direitos humanos, quando do anúncio de um concerto em Luanda. Dessa vez, porém, Minaj não deu resposta aos pedidos e avançou com a actuação angolana.
Nicki Minaj, que é no cenário pop uma das vozes e figuras mais destacadas na luta pela igualdade e contra a discriminação sexual, marcou presença no mais recente Gay Pride que decorreu em Nova Iorque no mês passado, mostrando assim a sua solidariedade com a luta e ambições dos cidadãos LGBTQI. Participar, um mês depois, como cabeça de cartaz, num festival patrocinado pelo soberano de um dos mais repressivos países do planeta, consistiria numa contradição incompreensível, argumentou a organização não governamental Humans Right Foundation na carta aberta que endereçou à artista quando do anúncio da sua participação no festival, acentuando que a Arábia Saudita é um país onde a homossexualidade é proibida e punida com a morte, em que as vozes discordantes são perseguidas e encarceradas e em que os direitos das mulheres são dramaticamente limitados.
“Muitas das mulheres que defenderam o fim da proibição de conduzir na Arábia Saudita estão actualmente na prisão, onde são submetidas a tortura que inclui choques eléctricos, chicotadas e violação”, lia-se na carta aberta. Em Março, dez activistas pelos direitos da mulher foram presas no reino. Em Abril, segundo o Humans Right Foundation, cinco homens foram executados por decapitação pelo crime de homossexualidade. Em declarações à Hollywood Reporter, Thor Halvorssen, CEO da organização, referiu que Nicki Minaj actuaria perante um público segregado, com as mulheres separadas dos homens e obrigadas a usar abaia. “Nenhuma das mulheres presentes poderia estar ali sem um guardião masculino ou sem a permissão de um homem da sua família”, apontou.
A actuação de Nicky Minaj em Jeddah iria inserir-se no esforço de abertura do reino às manifestações culturais, o que inclui uma legislação menos restritiva quanto às performances públicas de entretenimento. A intenção do actual soberano, Mohammed bin Salman, cuja imagem foi seriamente afectada pelo assassínio do jornalista Jamal Khashoggi na embaixada saudita em Istambul, passa por projectar uma imagem de cosmopolitismo num país onde está inscrito em letra de lei o ultraconservadorismo do controverso movimento waabita, fundado no século XVIII e criticado por muitos no mundo muçulmano pela absoluta rigidez da sua doutrina.
Em Dezembro de 2018, Nelly actuou no país, num concerto de acesso proibido a mulheres. Mariah Carey chegou um mês depois, tornando-se a primeira grande estrela mundial a actuar no país com as novas regras relativas ao entretenimento e à segregação dos sexos em vigor. Cancelado o concerto de Nicki Minaj, o Jeddah World Fest apresenta em cartaz Liam Payne, Steve Aoki e R3Wire & Varski, prometendo novos anúncios para breve.