As munições de Jonas, “o Pistolas”, chegaram ao fim
Avançado brasileiro chegou ao Benfica em 2014 e vai despedir-se dos relvados na quarta-feira, no Estádio da Luz.
Jonas anunciou esta terça-feira que vai terminar a sua carreira como futebolista. “Neste momento da minha vida, decidi encerrar a minha carreira de jogador profissional de futebol. E como não poderia ser diferente, quero celebrá-la com muita alegria”, disse o avançado brasileiro visivelmente emocionado num vídeo partilhado pelas redes sociais do Benfica.
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Jonas anunciou esta terça-feira que vai terminar a sua carreira como futebolista. “Neste momento da minha vida, decidi encerrar a minha carreira de jogador profissional de futebol. E como não poderia ser diferente, quero celebrá-la com muita alegria”, disse o avançado brasileiro visivelmente emocionado num vídeo partilhado pelas redes sociais do Benfica.
O goleador, de 35 anos, convidou todos os adeptos “encarnados” a comparecerem no Estádio da Luz pelas 19h30, uma hora antes do apito inicial do jogo de apresentação frente aos belgas do Anderlecht, para assistirem aos momentos finais do seu percurso e apoiarem a equipa para a nova temporada. O site oficial do Benfica revelou que iam “viver-se muitas emoções” uma hora antes do primeiro jogo de pré-época das águias.
O “Pistolas”, alcunha que foi chegando às bocas de milhares de adeptos nos últimos anos, jogou os dez primeiros minutos da partida que acabou 1-2 a favor do emblema belga.
O jogador juntou-se ao plantel na segunda-feira, no centro de estágios do Seixal, momento que o Benfica também fez questão de registar em vídeos e fotos publicadas nas redes sociais.
O futuro de Jonas esteve em discussão nas últimas semanas, à medida que o plantel do Benfica foi regressando ao trabalho. Vários cenários foram colocados em cima da mesa, até porque o jogador tinha mais um ano de contrato, mas depois de uma época marcada por lesões, com menor tempo de utilização do que as anteriores, o adeus foi o caminho escolhido.
O “Pistolas” que encontrou as armas certas no Benfica
Apesar de ter sido aposta de vários treinadores que passaram pelo Valência, clube que foi a sua primeira experiência europeia, Jonas acabou por rescindir com os espanhóis e chegou ao Benfica, a custo zero, a 12 de Setembro de 2014. O brasileiro queria fazer mais do que os dez golos que tinha apontado na época anterior e os “encarnados” procuravam um substituto para Óscar Cardozo (ainda o melhor marcador estrangeiro da história do clube), que pudesse fazer parceria no ataque com Lima.
Com o acordo fechado, o irmão e empresário de Jonas mostrou esperança de que o Benfica fosse capaz de “aproveitar muito bem o talento” do brasileiro. “Ele cresceu com uma bola. Tínhamos um campinho de futebol atrás de casa, o Jonas tomava duas mamadeiras por dia e depois ia jogar futebol. Começou no Guarani de Campinas, depois foi para o Santos. No Santos lesionou-se, ficou quase oito meses parado, voltou muito bem e o Santos vendeu-o para o Grémio. O Grémio emprestou-o à Portuguesa, onde foi melhor marcador, depois voltou ao Grémio, saiu para o Valência e foi goleador”.
Quer no idioma, quer nos golos, Jonas e Lima falaram rapidamente a mesma língua. Em 2015, o Benfica sagrava-se bicampeão com Jorge Jesus no comando. Mesmo tendo entrado em cena com o campeonato em andamento, foi o melhor marcador dos “encarnados”, e o segundo do campeonato (com 20, apenas a um golo de Jackson Martínez, do FC Porto).
A contagem de Jonas pelo Benfica iniciou-se na Luz em Outubro de 2014, à 7.ª jornada do campeonato, na goleada por 4-0 frente ao Arouca. Dias depois fez um hat-trick frente ao Sp. Covilhã para a 3.ª eliminatória da Taça de Portugal e cedo se tornou uma opção regular no plantel “encarnado” e acarinhado pelos adeptos.
Jonas, que chegou a ser considerado “um dos piores avançados do mundo” pelo jornal desportivo espanhol Mundo Deportivo, por não ter marcado golo três vezes no mesmo lance quando ainda jogava no Grémio, não esperava em Portugal ter tido uma adaptação súbita e tão positiva pelo Benfica, onde o seu rendimento continuou a subir.
Sem Lima, mas com Mitroglou no ataque e Rui Vitória no comando técnico, o Benfica conquistou o tricampeonato nacional em 2015-16. Nessa época, Jonas voltou a ser uma das figuras-chave: foi o melhor marcador (34 jogos, 32 golos) e voltou a ser convocado para a selecção do Brasil, para disputar a Copa América. A técnica, os remates dentro e fora de área, a visão de jogo e o toque de bola continuavam a encantar os adeptos benfiquistas. E Jonas entrava na elite dos cinco jogadores do Benfica que tinham marcado mais de 30 golos num campeonato.
Depois de herdar a camisola número 10 de Nico Gaitán, a época 2016-17 foi atípica para aquilo que Jonas já tinha conquistado e construído no Benfica. O avançado, que em simultâneo era assediado pelo dinheiro do futebol chinês e ligado a um eventual regresso a casa, quis continuar em Portugal, mas foi traído por uma lesão no tornozelo direito, que se prolongou mais do que o esperado devido a uma infecção provocada por uma bactéria.
O brasileiro ficaria parado entre Agosto e Dezembro de 2016, mas acabaria por fazer 13 golos nesse campeonato que assinalou o inédito tetracampeonato do Benfica. Na época 2017-18 repetia-se o “estado de graça” de Jonas, que fez 37 golos em 41 jogos, mas sem que nenhum título fosse conquistado pelos “encarnados”.
No início da última temporada, a saída de Jonas voltou a estar em cima da mesa, com o futebol árabe a chamar pelo jogador. O brasileiro chegou a estar afastado de vários jogos do Benfica, incluindo os de acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, mas a “novela” tinha terminado com o avançado a confirmar que ficava na Luz para terminar a carreira.
A “idade dos pais”, que “gostam muito de Portugal e do Benfica”, a gravidez da mulher e a proximidade com o presidente Luís Filipe Vieira foram aspectos importantes para esta decisão. Jonas disputou 31 jogos na época transacta, chegou a erguer a braçadeira de capitão e marcou 15 golos, todos eles efusivamente festejados pelos adeptos que viram a equipa conquistar o campeonato. Ainda assim, não esteve tantos minutos em campo quanto esperaria, devido a uma lesão lombar que estará também a pesar no ponto final agora anunciado pelo jogador. O último golo foi frente ao Portimonense, na 32.ª jornada.