Juncker lamenta “falta de transparência” na escolha de Von der Leyen

O presidente da Comissão Europeia teme que o sistema de eleição de cabeças-de-lista só funcione uma vez.

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Jean-Claude Juncker com Ursula von der Leyen François Lenoir/Reuters

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Caude Juncker, lamentou que o processo negocial para a escolha da sua substituta, Ursula von der Leyen, tenha decorrido de forma “pouco transparente” — ainda que isso provavelmente lhe tenha garantido um lugar na História como o primeiro e último cabeça de lista (ou Spitzenkandidat) a ser eleito para o cargo. “Pode dizer-se que sou um homem único”, ironizou Juncker, esta sexta-feira em Helsínquia.

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O presidente da Comissão Europeia, Jean-Caude Juncker, lamentou que o processo negocial para a escolha da sua substituta, Ursula von der Leyen, tenha decorrido de forma “pouco transparente” — ainda que isso provavelmente lhe tenha garantido um lugar na História como o primeiro e último cabeça de lista (ou Spitzenkandidat) a ser eleito para o cargo. “Pode dizer-se que sou um homem único”, ironizou Juncker, esta sexta-feira em Helsínquia.

“Infelizmente, o sistema [de eleição de um Spitzenkandidat] não se tornou uma tradição”, criticou o presidente da Comissão, no final de uma cerimónia que assinalava o arranque da presidência finlandesa da União Europeia. Às zero horas do dia 1 de Julho, quando a responsabilidade pela liderança do Conselho da UE passou oficialmente para as mãos do Governo de Helsínquia, os 28 chefes de Estado e governo encontravam-se fechados numa sala a discutir cenários e nomes para a distribuição dos cargos de topo das instituições comunitárias, numa negociação que Juncker classificou como opaca.

“O processo que levou à minha nomeação em 2014 foi muito transparente, porque havia cabeças-de-lista e toda a gente sabia o que aconteceria se este ou aquele partido fosse o mais forte no Parlamento Europeu”, comparou. “Sempre tive a impressão que entraria para a História, mas não pensei que fosse por isto”, acrescentou.

Pelo seu lado, Juncker decidiu seguir a tradição: logo após a nomeação da ministra da Defesa da Alemanha para o cargo, deu instruções para a organização de um gabinete de transição onde Ursula von der Leyen e a sua equipa pudessem instalar-se (não ainda na sede da Comissão Europeia, mas no edifício contíguo, baptizado de Carlos Magno). Esta sexta-feira, a alemã publicou no Twitter uma fotografia da sua nova secretária ainda vazia, acompanhada de uma legenda onde dizia que a linha telefónica já estava aberta. “Espero muitas conversas animadas.”

Von der Leyen inicia na segunda-feira, com uma reunião com os Verdes, a sua ronda de contactos com os diferentes grupos políticos do Parlamento Europeu que terão de votar na sua nomeação. O apoio da bancada ecologista é considerado fundamental. Quando a conferência de presidentes do PE reunir na quinta-feira, já deverá ter uma ideia do apoio que existe à sua eleição — o eventual adiamento da votação na sessão plenária de 16 de Julho em Estrasburgo seria um sinal de que a necessária maioria absoluta para ratificar a sua escolha ainda não está garantida.