Região brasileira de Paraty classificada como Património Cultural e Natural da UNESCO

O Palácio Nacional de Mafra e o Santuário do Bom Jesus, em Braga, estão entre os candidatos à classificação na reunião que está a decorrer em Baku, no Azerbaijão, até 10 de Julho.

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Uma rua de Paraty Eddie Keogh/ REUTERS

A região de Paraty, no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, recebeu esta sexta-feira a classificação de Património Cultural e Natural Mundial da UNESCO, na reunião do comité da organização que está a decorrer em Baku, no Azerbaijão, anunciou a organização.

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A região de Paraty, no Estado do Rio de Janeiro, Brasil, recebeu esta sexta-feira a classificação de Património Cultural e Natural Mundial da UNESCO, na reunião do comité da organização que está a decorrer em Baku, no Azerbaijão, anunciou a organização.

A candidatura brasileira, que diz respeito à área de Paraty e da Ilha Grande, e que já tinha sido levada ao Comité do Património Mundial em 2009, tendo então sido devolvida, é a primeira classificação de carácter misto, do Brasil, de Património Cultural e Natural, aprovada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. De acordo com o parecer do comité, o destaque dado à biodiversidade, na região, foi decisivo para a classificação.

O território agora classificado abrange quase 149 mil hectares, com o centro histórico de Paraty rodeado de quatro áreas de conservação ambiental: o Parque Nacional da Serra da Bocaina, o Parque Estadual da Ilha Grande, a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul e a Área de Protecção Ambiental de Cairuçu, de acordo com o Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional do Brasil (IPHAN).

A área de fronteira desta região estende-se a 407 mil hectares, envolve 187 ilhas, sendo grande parte coberta por vegetação primária, com “rica diversidade marinha”, destaca o IPHAN.

Os testemunhos culturais elencados pela candidatura incluem o Centro Histórico de Paraty, o Morro da Vila Velha, com o forte e o Museu do Defensor Perpétuo, sítios arqueológicos e parte do antigo Caminho do Ouro. O território classificado inclui ainda “duas terras indígenas, dois territórios quilombolas e 28 comunidades caiçaras”, que vivem da relação com a natureza, da pesca artesanal, e mantêm modos de vida ancestrais.

Os habitats naturais são “importantes e significativos para a conservação da diversidade biológica”, prossegue o IPHAN, destacando a existência “de espécies endémicas da fauna e da flora, assim como espécies raras”, em “alto grau”.

A Serra da Bocaina, o Parque Estadual da Ilha Grande, a Reserva Biológica da Praia do Sul e a Área de Protecção Ambiental de Cairuçu estão inseridos na candidatura. “Com cerca de 85% da cobertura vegetal nativa bem conservada, a área do sítio misto forma o segundo maior remanescente florestal do bioma Mata Atlântica. Além da sua extensão, as diferentes fisionomias vegetais permitem a ocorrência de uma fauna e flora incomparáveis, com diversas espécies raras e endémicas”, acrescenta.

A presidente do IPHAN, Kátia Bogéa, citada pelo comunicado deste organismo, disse regressar a casa “orgulhosamente”, com o título na bagagem. Em Paraty e na Ilha Grande, afirmou, “vemos de maneira excepcional e única uma conjunção de beleza natural, biodiversidade ímpar, manifestações culturais, um conjunto histórico preservado e testemunhos arqueológicos importantes para a compreensão da evolução da humanidade no planeta Terra”.

O secretário especial da Cultura, Henrique Pires, no mesmo comunicado, afirma que a classificação é “uma enorme responsabilidade”, pois “será necessário cumprir uma série de requisitos para que [esta] permaneça, e isso é muito bom para a preservação do local”. O ministro da Cidadania do Brasil, Osmar Terra, disse que a classificação “é excelente para o turismo da região”.

A candidatura de Paraty e Ilha Grande resultou de uma parceria entre o Ministério do Meio Ambiente do Brasil, do IPHAN e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), dos municípios de Paraty e de Angra dos Reis e do Instituto Estadual do Ambiente. Estas entidades, ainda segundo o IPHAN, serão as responsáveis pela gestão do local, com o Instituto Estadual do Património Cultural, o Instituto Histórico e Artístico de Paraty, o Fórum das Comunidades Tradicionais e Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina.

O Palácio Nacional de Mafra e o Santuário do Bom Jesus, em Braga, estão entre os 36 locais candidatos à classificação de Património Mundial da UNESCO, que o comité da organização analisa na reunião da sua 43.ª sessão, a decorrer em Baku, no Azerbaijão, desde 30 de Junho, e que terminará na próxima quarta-feira, dia 10 de Julho.